Claude Simon, o Nobel do Novo Romance

Claude Simon, o Nobel do Novo Romance

Um trecho de O Bonde, memórias romanceadas do escritor

publicidade

Fragmento

Há 35 anos, Claude Simon (1913-2005) ganhava o Prêmio Nobel do “Novo Romance”, um modo de fazer literatura que marcou época e muitos autores. O Caderno de Sábado publica um trecho de “O bonde”, memória “novo-romanceada” do autor

 

A porta se abre

 

As graduações em bronze amarelo e em relevo desenhavam sobre o painel um arco de círculo na direção do qual apontava o cabo da alavanca que, para dar partida ou acelerar, o condutor empurrava com pequenos golpes de palma da mão, trazendo-a de volta à posição inicial e cortando a corrente ao aproximar-se de uma parada, apressando-se, então, para girar o volante, situado à direita (parecido, embora menor, com aqueles que, nas cozinhas, antigamente, acionavam as bombas d’água) e, com um barulho de correia, apertava os freios. O cabo da alavanca só conservava do verniz inicial um leve traço escuro, a madeira já estando exposta depois de muito tempo, acinzentada, ou até mesmo encardida, e o condutor ficava em pé diante de uma espécie de coluna de plataforma oval, sobre a qual se encontrava esse limitado painel de controle. 

       Permanecer na cabina (por onde, de resto, se devia passar para entrar no bonde), em vez de ir sentar no interior, nos bancos, parecia ser uma espécie de privilégio, não somente para o meu espírito de criança, mas também, com certeza, para os dois ou três passageiros que, desprezando mesmo os bancos, ali ficavam regularmente, sem dúvida não invadidos, como eu, pela importância do lugar, mas simplesmente porque ali era permitido fumar, a exemplo do condutor aparentemente taciturno — ou obrigado ao silêncio, como indicava, numa mistura aproximativa de francês com inglês, o aviso, “proibido falar com o wattman”, o que fazia deste de alguma maneira um personagem ao mesmo tempo bastante miserável, de uma casta inferior, condenado a uma muda solidão, embora envolvido por uma aura de poder, como esses reis ou esses potentados de tragédias aos quais era proibido, por um severo protocolo (e às vezes sob pena de morte) dirigir a palavra, status (ou posição — ou função) que ele assumia com gravidade, os olhos sempre fixados nos trilhos à sua frente, como que absorvido pelo peso da sua responsabilidade, limitando-se às paradas, esperando a companhia libertadora do cobrador para reacender com um isqueiro de ferro a bagana colada ao lábio inferior de uma ponta a outra do percurso (o que, da praia à cidade, levava, incluindo as paradas, cerca de 45 minutos), tubinho barrigudo, acinzentado, cujo envelope de papel fino deixava perceber a cor escura do tabaco mal enrolado, embolado, às vezes, quase esmagado, por causa de uma posta (um “toco”) muita grossa ou mal ajeitada. 

       Parecia-me ver isso, estar lá, achar-me entre os dois ou três privilegiados com direito a permanecer em pé no estreito habitáculo de cerca de dois metros quadrados, desde que não falassem nem atrapalhassem o homem silencioso vestido de uma camisa de flanela cinza, de colarinho sem gravata, mas fechado, de um costume maltratado, também cinza, e cuja calça puída caía sobre um par de alpargatas de sola de corda não exatamente esburacadas mas meio bigodudas, esfiapadas, sobre as quais ele se mantinha, os pés levemente afastados, personagem quase mítico de cigarro apagado, rosto impassível, cujos gestos — ao menos para os meus olhos de criança — pareciam ter algo de ao mesmo tempo ritual e sagrado: empurrar com pequenos golpes de palma da mão a alavanca de velocidade, abaixar-se para acionar a roda do freio ou apertar com golpes apressados do pé direito o cogumelo do sinal de alerta quando o bonde entrava numa curva sem visibilidade ou, quase continuamente, quando, ultrapassada a barreira, o bonde penetrava na cidade, descia, primeiro, a longa ladeira que levava ao jardim público, costeava o muro deste, virava à esquerda na altura do monumento aos mortos e, seguindo pelo Bulevar do Presidente Wilson, desacelerava aos poucos, ao longo da Alameda dos Castanheiros, para se imobilizar, ao final do trajeto, quase no centro da cidade, na frente do cinema de entrada protegida por uma marquise de vidro e de provocantes cartazes que, em cores violentas, ofereciam aos eventuais espectadores gigantescos rostos de mulheres descabeladas, cabeças jogadas para trás, bocas abertas em gritos de pavor ou na espera de um beijo. 

       Uma quinzena de quilômetros separava a praia da cidade, através de uma paisagem levemente acidentada, de ladeiras cobertas de vinha, trajeto ladeado (à direita, vindo do mar) por opulentas residências do século anterior, separadas umas das outras por dois ou três quilômetros mais ou menos escondidos pelas árvores dos seus jardins, oferecendo como que um inventário daquilo que a vaidade de fortunas recém-adquiridas ou consolidadas tinha podido inspirar aos proprietários e aos arquitetos, que se dobravam aos desejos daqueles (ou até mesmo se antecipavam), numa época em que as ambições de uma classe provinciana abastada e de um nível cultural médio (inspirando-se às vezes nas decorações medievais ou orientais de óperas vistas em Paris durante alguma viagem de núpcias) ofereciam aos olhares um leque arquitetônico (torres coroadas de graciosas balaustradas em terracota ou, ao contrário, maciças, quadradas e vagamente sarracenas), de um gosto às vezes duvidoso mas, no conjunto, agradável, sem ostentação demasiado incômoda (exceto uma construção mais recente), de nomes anacrônicos (como seus móveis Luís Felipe ou Napoleão III) e de um ingênuo frescor, nomes como “Miraflores” ou, simplesmente, “Aloés”.

       Em ambos os sentidos (da cidade para o mar e inversamente), dois bondes saíam na mesma hora e cruzavam-se na metade do caminho, não longe justamente da propriedade cujo nome (“Brincado”) fazia jus à sua simplória fachada entalhada (semelhante a esses brinquedos de cartão, essas fortalezas ou castelos que, no Natal, damos às crianças) e alimentava obscuras reticências sobre as origens e a data da fortuna de quem a fizera construir, os atuais residentes (descendentes do romântico novo rico — ou talvez compradores recentes) sendo mantidos pela pequena sociedade das outros “vilas” não como numa espécie de ostracismo mas pura e simplesmente ignorados, o que, de alguma maneira, dava-lhes a aura de um prestígio feito ao mesmo tempo de desprezo e de suspeita, esta última nutrida pelo fato de que, sob certo ângulo, antes de o bonde tomar a via da “garagem” (nome que se dava à duplicação das vias que, no meio do caminho, permitia às duas locomotivas se cruzar), bem parecia que a medíocre arquitetura fortificada se limitava à fachada, por trás da qual, durante um breve instante, só se avistava um vasto galpão de paredes sem janelas, nem sequer rebocado, cuja cobertura de telhas acabava de adaptar-se às seteiras medievais.  

A Alameda dos Castanheiros que o bonde acompanhava em fim de trajeto diminuindo aos poucos a velocidade, paralela ao bulevar Wilson a partir do monumento aos mortos construído na entrada do largo municipal, parecia ser, à tarde (como se houvesse um vínculo entre o monumental monumento e eles), o ponto de encontro de uma meia dúzia desses pequenos veículos com um banco de vime escuro, duas rodas traseiras e outra pequena, na frente, na ponta de uma longa forquilha manejável ao longo da qual havia uma correia de bicicleta descendo da dupla manivela que servia ao mesmo tempo de guidom e acionada pelas mãos desses personagens (ou melhor, parecia, cópias exatas do mesmo personagem — pois todos se assemelhavam: mesmo rosto ossudo e duro de rapace, mesmo bigode preto de pontas desfiadas (ou parodicamente encrespadas com ferro de passar), também mesma bagana de cigarro enrolado à mão, mesmo leque de fitas desbotadas na lapela do jaquetão, mesmo encerado preto e brilhante estendido, com vincos e amassados, até o estreito piso onde nenhum pé repousava, personagens que mamãe designava com daria para dizer uma espécie de alegre maldade um nome composto (homens-tronco), o que provocava estremecimento (assim como morcego, centopeia e viúva-negra) e que na sua boca e no seu tom tinha algo de infamante, macabro e desesperado, como se ela os acusasse, não só de exibir a doença, mas também simplesmente de existir, de escapar vivos, embora praticamente cortados em dois, da guerra que lhe tinha levado o único homem que amara, como se essa denominação atroz subentendesse uma suspeita de covardia e ao mesmo tempo de inveja, de ciúme e de piedade, ela que tinha enfim renunciado ao véu de crepe, atrás do qual, não sem alguma ostentação, escondera o rosto bem além dos limites decentes de um luto, mas que continuava a só vestir cores escuras e que talvez (assim como a sua participação numa certa associação caritativa a levava duas vezes por semana a ensinar o catecismo para alguns meninos barulhentos numa capela lateral da catedral) fosse ao hospital ou ao hospício, ou ao asilo (devia mesmo existir um lugar, um ponto comum, a partir do qual, à tarde, eles se dirigiam para a Alameda dos Castanheiros, impassíveis, assustadores, com seus bigodes untados, narizes de abutre, carrinhos e corpos martirizados, num castigo permanente, numa recriminação permanente aos vivos), onde moravam esses infelizes para levar-lhes alguma doçura ou talvez mesmo ainda que detestasse esse vício, mas em lembrança certamente do serviço de fumar trazido do Extremo Oriente pelo homem do seu luto e no qual (bandeja, lata de fumo e cinzeiros) se podia ver, esmaltado, azul-turquesa, pássaros de barriga rosa voar entre juncos acima de extensos nenúfares), talvez mesmo, então, pacotes de fumo ruim, desses encontrados nas tabacarias, cúbicos, enrolados com um papel cinza de má qualidade, fechados com a etiqueta branca da companhia de tabaco, aos quais ela não esquecia de acrescentar um bloquinho de folhas para cigarro, cujas marcas (“Cruz de Arroz” ou “JOB”) poderiam significar incitações a persistir no martírio, se a cruz desenhada sobre um fundo anil não se referisse simplesmente a um nome de fábrica e se a sigla JOB, em letras douradas sobre fundo branco, não resultasse, como todos sabiam, da ampliação em forma de losango do ponto separando as iniciais do fundador da firma (um certo senhor Joseph Bardou), a exemplo da cruz sem qualquer vocação para lembrar os sofrimentos do personagem bíblico. 

       Além disso, o próprio rosto dela (que começara quando ela ainda era jovem a se tornar macilento ao longo de quatro anos de interminável noivado, época em que tinha lutado contra a mãe para impor-lhe um casamento com um homem sem fortuna, considerado pela velha senhora desastroso, para não dizer degradante, tanto no plano social quanto no do interesse, e que mais tarde, as mágoas ou     antes o desespero, as lágrimas acumuladas, pareciam ter, impregnando-o como uma esponja, inflado ainda mais)... O próprio rosto dela, então, depois de a doença que a mataria ter-se instalado, começou, por meio de uma espécie de mimetismo (ou de coqueteria macabra) a, primeiro, simplesmente emagrecer, para depois ficar chupado e aos poucos mumificar-se, fazendo irresistivelmente pensar no fim, no feminino, terroso e implacável, desses seres fisicamente amputados de uma metade deles mesmos e, como se ela os acusasse de algum exibicionismo indecente, ou, mesmo, quem sabe?, apesar das suas atrozes mutilações (um deles era além do mais maneta) de ainda viver — ou melhor de ter sobrevivido a uma guerra que lhe tinha arrancado também uma metade dela mesma, de maneira que a horrível condição de homem-tronco que os transformava em criaturas um tanto míticas (meio humanas, meio vegetais), o que ela nunca deixava de lembrar com ardor ou, até mesmo, com gosto (“a alameda dos homens-tronco”, “a hora em que se reúnem os homens-tronco”, etc.), soava como um inesgotável protesto, como se a existência deles (ou a obstinação deles) fosse sentida por ela como uma afronta à sua dor, uma implicância sempre renovada do destino, e...

       E de novo isso aconteceu, não brutalmente, mas de uma maneira de qualquer forma insidiosa, ou seja, quando eu tomava consciência a coisa já tinha começado, apertando aos poucos meu braço, como uma espécie de réptil de anéis superpostos enrolado sobre si mesmo, talvez na segunda ou terceira vez em que eu estava ali, compreendendo que seu acionamento devia obedecer a algum automatismo sensorial, como essas curvas barométricas ou de temperatura registradas sobre um cilindro que gira lentamente sobre si mesmo, como se pode ver em certas vitrines de instrumentos de precisão, perguntando-me confusamente (mas eu não sofria) se alguém no hospital se encarregava todo o tempo deles, pronto a agir, ou se contentavam-se em dar uma espiada antes da visita matinal: mas eu não sofria, deitado de barriga para cima, o lençol puxado até o queixo, incapaz de dormir, eu que só consigo de lado, compreendendo, então, que não havia dormido, mas simplesmente esquecido ou, talvez, fosse a febre, pois tinham fechado a porta (ou melhor a porta dupla que permitia a passagem de uma cama rolante), por onde, através de uma espécie de escotilha oval, eu podia contudo ver, apesar da penumbra, as quatro letras, RIAG, acima da porta do quarto em frente, lembrando-me então do nome inteiro (TRIAGEM), que havia lido pouco antes, quando as portas das duas peças ainda estavam abertas, lembrando-me inclusive de que na frente estava a TRIAGEM 1, o que me levava em consequência a estar na TRIAGEM 2, mas somente por uma noite, armazenado digamos como tinha me explicado o enfermeiro, posto ali por causa de minha tardia entrada na Urgência, esperando que amanhã me transfiram para outro serviço (noutro prédio?) onde serei tratado, o mesmo com certeza valendo para a ocupante da TRIAGEM 1, a quem durante o longo tempo em que as duas portas estiveram abertas eu pudera ver deitada exatamente à minha frente: uma mulher, a crer na abundante cabeleira loura espalhada sobre o travesseiro, em torno de um rosto (ou melhor de uma máscara, tanto parecia imóvel, sem vida) rosado (ou tornado rosa pela luz), cujos traços, de onde eu estava, não podia distinguir, impressionado sobretudo pela sua total imobilidade durante todo o tempo em que pude vê-la (ou seja, o tempo em que as portas das duas peças de TRIAGEM foram deixadas abertas) e também pelo fato de que o travesseiro quadrado, cujo centro o rosto ocupava, tinha uma ponta para cima, feito um às de ouro, perguntando-me se a doente teria pedido essa estranha posição ou se o caso dela (mas como poderia ser?) o exigia, e ainda mais intrigado com a cabeleira solta, a máscara vaga e rosada, absolutamente inexpressiva e a posição do travesseiro que me parecia, quando eu passava na minha cama rolante pela espécie de vestíbulo sobre o qual davam as duas TRIAGENS (seria ainda o efeito da febre?), ter percebido as silhuetas de dois guardas uniformizados, sentados à sombra de um recanto, perguntando-me (tentando afastar as coisas que me machucavam atrás das orelhas, meus dedos tateando, encontrando os tubos finos, seguindo-os até as minhas narinas, pensando, então, ah, oxigênio, bom!)... Perguntando-me de novo o que poderiam fazer ali os dois guardas (vigiar a doente de rosto muito rosado e difuso ou protegê-la?), pensando Mas talvez eu tenha visto mal, estou fazendo confusão, pensando Essa droga de febre, pensando... Depois, cansado demais para manter o esforço de pensar, resignando-me a essa espécie de viscosidade, de nevoeiro sem antes nem depois (uma, duas horas antes?), na qual gesticulavam confusamente as silhuetas de dois guardas, apoiando, mais do que conduzindo, não o costumeiro mendigo andrajoso de rosto congestionado e barba espetada, mas titubeando, mais do que se debatendo, protestando com uma voz pastosa, o homem ainda jovem e corretamente vestido, embora sem sobretudo, nessa noite fresca de março, cujo ar penetrante parecia invadir, junto com os três personagens que avançavam zanzando entre as duas fileiras de “urgências” alinhadas ao longo das paredes do corredor, como a súbita, ruidosa, intromissão do mundo dos vivos no seu contrário, seguida em silêncio por vinte pares de olhos sem expressão, em rostos também sem expressão, vazios, como que ausentes, fechados, que a palhaçada da cena não iluminava com nem um só sorriso, nem mesmo com um muxoxo.

       ...nem mesmo quando, alguns instantes depois, por causa de um forte empurrão, reabriu-se, com uma batida, a porta da peça (sala de recepção, de primeiros socorros?) onde o trio tinha mergulhado, deixando um rastro confuso de vozes, que voltaram a explodir enquanto o bêbado dobrado em dois saltava para fora, com uma têmpora aberta como uma fruta partida, agora manchada de mercurocromo, seguido pelos guardas e pelo enfermeiro cujo avental branco esvoaçava nas costas; já galopando (o bêbado) ao mesmo tempo que se esforçando para meter a camisa desabotoada dentro das calças, sua voz (clara, agora, alta, ofendida) dizendo Isso, isso não fica assim, é preciso..., não tendo tempo de terminar, agarrado pelos seus perseguidores, às gargalhadas, que o dominaram e levaram, conciliadores, de volta para a pecinha, da qual o último fechou a porta sob os olhares sempre inexpressivos, idênticos, nas máscaras congeladas, como que ausentes, dos doentes à espera, como se sofressem de uma espécie de pasmaceira, como se o que os unisse no momento não fosse o sofrimento físico, quase esquecido, relegado ao segundo plano por uma dor de outra ordem, como se tivessem alcançado uma espécie de transe depois de uma experiência comum, ou seja, de terem sido brutalmente arrancados ou melhor extirpados do mundo familiar tranquilo e diverso onde sempre tinham vivido para ser levado a toda velocidade, com os braços estirados ao longo do corpo e os pés para trás, numa ambulância (uma espécie de caixa) fora da qual podiam ver passar vertiginosamente no cinza do crepúsculo a sucessão confusa de fachadas, de cruzamentos, de faróis, de vitrinas e de cafés iluminados, tudo como se aspirado, surgindo do desconhecido para o qual eram arrastados, tombando, escapando e desaparecendo numa espécie de túnel de insondável e negra perspectiva. 

       ...bonde que muitas vezes, sem fôlego de tanto correr, eu via, com desespero, já no fim do bulevar Presidente Wilson, tomar a curva à direita e desaparecer, apesar dos chamados repetidos dos pais de alguns colegiais que, como eu mesmo, saíam da aula às quatro horas e tinham implorado à companhia de fazer a gentileza de retardar em cinco minutos essa partida, apelo que a Companhia parecia ter ouvido (tinha fingido?) — a não ser que o cumprimento rigoroso do horário, conforme ocorria com frequência, fosse mais uma demonstração de má vontade dos funcionários, desafiando ao mesmo tempo a Companhia, que talvez os tivesse punido algum dia por atraso, e os proprietários das opulentas casas rurais, cujos filhos se beneficiavam de uma educação recusada aos de origem modesta.

Tradução de Juremir Machado da Silva (Sulina).


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895