Conservadorismo e autoajuda no Brasil

Conservadorismo e autoajuda no Brasil

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Aos domingos, eu paro alguns minutos e penso na cultura brasileira. Sim, eu me dou ares de homem sério e reflito. Recorro os jornais na internet, que sou uma pessoa cada vez mais virtual, e peso avanços e recuos. Tenho cada vez mais perguntas e menos respostas. Já até adotei o truque de dizer que perguntas são mais importantes. Neste final de semana, depois do Gre-Nal do medo e da mediocridade, eu me fiz dez perguntas (é o número do jornalismo):

  1. Como foi que Arnaldo Jabor, Ruy Castro e Nelson Motta se tornaram tão chatos e conservadores?

  2. Como foi possível que Jabor, o cineasta culto, virasse um bundão repetitivo, quase um eleitor de Trump?

  3. Como foi possível que Ruy Castro, o jornalista esnobe, virasse um tio resmungão desses que disparam contra quem para o trânsito com a desculpa de defender a democracia e bobagens com direitos trabalhistas?

  4. Como possível que Motta, o amigo dos artistas, o boêmio, virasse uma caricatura de Carlos Lacerda?

  5. Como foi que o Brasil entrou numa nova onda de autoajuda supostamente filosófica com Mário Sérgio Cortella, Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé e outros requentadores de frases de agenda erudita para consumo de uma turma sem saco para ler, mas que gosta de se achar inteligente e conhecedora dos gregos?

  6. Como foi possível que Ferreira Gullar, o autor do poema sujo, se tornasse um articulista de direita?

  7. Como é possível que Gregório Duvivier, com meia dúzia de ideias, tenha mais visão do que esses tios?

  8. Como foi possível chegar ao ponto em que os jornais de Rio e São Paulo não têm mais intelectuais?

  9. Como foi possível atingir tal nível de marasmo na literatura: 50 anos sem um grande livro?

  10. Como é possível a um intelectual brasileiro votar em João Doria e criticar Donald Trump?


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