CPERS, Fazenda, Casa Civil, oposição: quem tem razão?
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Algo é complexo quando muitas verdades são possíveis.
Mesmo quando umas se opõem às outras.
O CPERS está coberto de razão em exigir o piso do magistério.
É lei.
Uma lei aprovada por iniciativa do atual governador gaúcho, Tarso Genro, quando era ministro da Educação.
O governo tem a sua razão ao dizer que não paga imediatamente porque não tem recursos.
O secretário da Fazenda, Odir Tonolier, conhecedor dos números, tem razão em dizer que o governo não terá condições de pagar o piso até 2014. A sua razão é financeira.
O chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, tem razão em declarar que o governo vai pagar.
A sua razão é política.
A oposição tem razão em criticar os petistas lembrando que, na época do governo Yeda, eles afirmavam categoricamente que era possível pagar e que a governadora só não o fazia por falta de vontade.
O CPERS não mudou.
Os defensores de Yeda não mudaram.
Salvo alguns que estão exigindo o pagamento imediato do piso só por provocação ou oportunismo.
A lei do piso não mudou.
Será que o PT esperava que o CPERS mudasse?
Que o CPERS aliviasse para o partido amigo no poder?
Será que o governo joga agora o CPERS aos leões explorando a ideia dominante, antes tida por conservadora, do que o sindicato é radical, exagerado, intolerante e outros adjetivos assim?
Será que o petismo usou o piso como alavanca eleitoral (eleitoreira?) e, instalado no poder, desfaz-se do antigo aliado por saber que terá o apoio da sociedade, da mídia e até de parte da oposição?
Se Odir Tonolier está certo, deveriam o PT e o governo pedir desculpas à governadora Yeda?
Quem deve ser elogiado: o CPERS pela sua coerência? O governo por ter mudado? A oposição por, no passado recente, ter dito o que hoje parece se confirmar como verdade: a falta de recursos.
O governador está em férias. Nunca disse que pagaria o piso imediatamente.
Garantiu que o faria até 2014.
O que dirá, ao voltar, diante da afirmação do seu secretário da Fazenda.
Poderia dizer: Eu me enganei. Achei que dava. Não vai dar.
Ou: vamos redefinir prioridades. Manteremos nossa palavra.
O CPERS pode dizer: dá, sim. Basta que seja a prioridade das prioridades.
Dava com Yeda. Dá com Tarso.
Se for a suprema prioridade.
Ou será mais fácil sacrificar o CPERS?
E, por tabela, os professores, visto que a sociedade e a mídia vão ajudar a enterrá-los?
Estamos diante de um caso de escola.
Ou como o ontem pode comprometer o hoje e definir o amanhã.
Se O CPERS mudasse, seria chamado de correia de transmissão do PT.
Como não muda, é radical.
Complexo, muito complexo.
Pelo jeito, a lei do piso não vai pegar no RS.
Ou vai gerar uma nova lei Brito, lei Tarso.
Uma montanha de ações na Justiça.
Uma coisa é bem simples: o bolo está feito.