Cronologia da política gaúcha recente

Cronologia da política gaúcha recente

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2014: deputados aprovam-se uma aposentadoria especial para escapar das agruras do INSS como o resto da plebe (nós).

2014: Assembleia Legislativa adota uma medida esquisita que estabiliza um grupo de assessores não concursados. Diz-se que não é um trenzinho da alegria e que os beneficiados podem ser demitidos, mas não se compreende muito bem como.

2014: José Ivo Sartori é eleito governador do RS.

2014: elite do judiciário gaúcho garante-se, por isonomia com a magistratura nacional, o "direito" de receber auxílio-moradia de R$ 4.700 reais. A medida generosa é extensiva ao Ministério Público.

2014: deputados aprovam aumento para parlamentares da legislatura seguinte.

2015: Sartori assume o governo diz que Estado está quebrado. Noticia-se que poderá haver atraso de salários.

2015: Sartori sanciona aumento de salários para si, para o vice-governador e para os seus secretários.

2015: criticado, Sartori abre mão do seu aumento. A boiada já passou.

2015: Sartori recusa-se a ir à justiça para pedir aplicação imediata da lei que renegociou a dívida com a União.

2015: Sartori parcela salários do funcionalismo. Linha de corte: R$ 2 mil.

2015: enquanto a crise se alastra, sai no Diário Oficial lista de nomeação de novos CCs e de FGs.

2015: Oposição oferece a Sartori a possibilidade de aumentar o uso dos depósitos judiciais para pagar funcionalismo em dia.

2015: Sartori recusa pelo silêncio a oferta da oposição na Assembleia.

2015: aliados de Sartori na Assembleia, como o PP, pedem que o governador use os depósitos judiciais. Silêncio.

2015: judiciário abre mão de parte dos juros que lhe cabem sobre o uso dos depósitos judiciais e aceita enviar projeto à Assembleia Legislativa para sacramentar as mudanças. Sartori permanece em silêncio apesar da falta de dinheiro.

2015: Sartori envia à Assembleia projeto propondo aumento da alíquota do ICMS.

2015: Sartori vai ao STF contra o bloqueio das contas do Estado pelo não pagamento da parcela da dívida com a União.

2015: Sartori parcela salários pela segunda vez. Linha de corte: R$ 500.

2015: a população pergunta-se: por que Sartori, tendo os depósitos judiciais, não quer usá-los?

2015: Sartori tem um problema de curto prazo: pagar o funcionalismo em dia; um problema de médio e longo prazo: mudar a estrutura do Estado. Solução de curto prazo: usar os depósitos judiciais. Sartori não quer. Solução de médio prazo: aumentar impostos. A população e até os aliados de Sartori, como o PP, não querem. Solução de longo prazo: reformas estruturais, mexer na previdência (tem quem se aposente sem contribuir e tem que se aposente cedo demais). Sartori quer. O funcionalismo, não. Privatizações: Sartori quer, a tal Agenda 2o20 quer, a RBS quer. Será que a população quer? Precisa de plebiscito.

2015: Sartori usa a questão de curto prazo (não usar os depósitos judiciais e deixar o funcionalismo à míngua) como método para jogar a população contra os funcionários, na medida em que haverá paralisação de serviços, e forçar os deputados a aprovarem aumento de impostos. O Rio Grande do Sul pega fogo. As labaredas não param de crescer.

2015: Sartori faz a aposta da sua vida: vai mudar radicalmente o Rio Grande do Sul ou tornar-se o governador mais rapidamente odiado em todos os tempos pela população, inclusive parte da população que votou nele.

Tudo está em aberto.

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