De Albert Camus a Policarpo: os novos conceitos do jornalismo
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Escreveu livros capazes de chocar mais do que o nu frontal da Carol Dieckmann.
Por exemplo, A peste, o Estrangeiro e O homem revoltado.
Teve um manifesto sobre jornalismo censurado.
Nele, apresenta as quatro virtudes do jornalista: lucidez, recusas, ironia e obstinação.
O tempo passou.
Entramos numa nova era.
A era do jornalismo da Veja
Depois de Camus, Policarpo.
O manual de Policarpo também poderia apresentar quatro eixos: 1) o eixão de Brasília (informação é poder), 2) ter fontes (quanto mais transbordantes, melhor. De preferência, Cachoeiras), 3) aceitações (fazer sempre o que a fonte, quer dizer, Cachoeira, mandar), 4) Perseverança (cultivar a fonte, isto é, Cachoeira).
De Camus a Policarpo a lucidez virou placidez. A ironia cedeu lugar à ideologia.
Ideologia dos negócios.
O jornalista independente é um estrangeiro na profissão, um homem revoltado tratado como peste.
Se Camus tivesse conhecido Cachoeira talvez não tivesse escrito tudo o que escreveu.
Teria, quem sabe, conseguido uma notinha sobre seus livros na sessão Radar.
Nunca chegaria a Policarpo.
Nem trabalharia na Veja.
Afinal, enxergava demais.
Camus denunciou antecipadamente o jornalismo da era Policarpo, uma sociedade tomada pela peste.
A cidade tomada pelos ratos.
Claro, claro, como métafora.