De Palomas a Paris
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Há vazios que correm em diagonal
Diagonais que bifurcam de manhã
Estradas nas solidões vicinais.
Estive presente nessa ausência
Essa paciência quase pendular
Essa maneira de olhar a lonjura,
O horizonte e o topo de um morro.
Transversais de uma seca poesia
Asperezas agridoces da maresia
O sexo pulsando desse desejo
Que se esvai sem pedir socorro.
Estive andando por um vasto deserto,
Estranhamente com flores do campo,
Vendo a chuva cair como um pântano.
Vez ou outra, eu sentava no pasto,
Sentia cheiro de folhas de eucalipto,
Fechava os olhos e me sentia casto
Como uma árvore que não pôde morrer.
O céu se perdia em curvas azuis
O sol se esquecia de usar óculos
As nuvens eram como travesseiros
Eu dormia o sono da eternidade.
E acordava numa livraria em Paris.