De político eu desconfio

De político eu desconfio

publicidade

Corruptos de estimação

 

Pessimismo ou otimismo? O país acabou ou é o começo do fim da impunidade? Em que acreditar? O PT está na lona. Nunca expulsou José Dirceu e vê Lula enxovalhado. O PP jamais ousou expulsar Paulo Maluf e é campeão de envolvidos na Lava-Jato. O PMDB não expulsou José Sarney e Renan Calheiros. Não fará isso com Eduardo Cunha. O PSDB não expulsou Eduardo Azeredo e, pelo jeito, não pretende fazê-lo. O DEM até expulsou alguns dos seus membros, mas não tem tido a mesma pressa em relação a José Agripino Maia, alvo de denúncias e investigações. Vivem todos da presunção de inocência. Eu, se fosse político, não ficava um só dia num partido que tivesse gente assim. Nem um minuto.

Como acreditar em discurso de peemedebista atacando petista no campo da ética? Como levar a sério uma crítica de ordem moral de pepista? Como crer na moralidade tucana? Diante de uma urna com as siglas PT, PSDB, PP, PMDB e DEM, eu não hesito: cravo nulo sem pestanejar. Costuma ser o meu voto. Na crise brasileira atual, a sensação é de politicagem e de hipocrisia. O membro do Partido Sujo desanca a imoralidade do Partido Imundo. E ri. Sabe que está enganando a plateia na base do “pegaram eles” e “agora é nossa vez de faturar”. Como pode um cidadão comum acreditar em política quando os partidos fazem alianças e passam o tempo dando rasteiras nos aliados? Eu, se fosse político, rompia na hora com quem me traísse. Pode haver casamento mais absurdo que esse do PMDB e do PT?

O PMDB conspira sem parar. O PT odeia o PMDB. Vivem juntos por conveniência. Nojento.

O pretenso realista diz: “Política é assim mesmo”. Aqui, ó! Política precisa e pode ser outra coisa. Enquanto a população se apavora com a roubalheira, boa parte dos políticos faz discurso para inglês ouvir e só pensa em levar vantagem. Partido que não expulsa os seus corruptos não merece respeito. Para quando o próximo golpe? Acontece que os partidos brasileiros têm os seus corruptos de estimação. São intocáveis. Como pode alguém cobrar moralidade instalado no partido do Maluf, do Cunha, do José Dirceu, do Eduardo Azeredo, do José Agripino Maia ou do Renan Calheiros? Tenham dó.

Não me venham com os argumentos de que isso criminaliza a política e de que é fascista colocar todos no mesmo saco. A farinha é a mesma. O pirão também. Cada um vai para o saco por conta própria. Quando a corrupção de uns é relevada, não é ela o mais importante, mas a ideologia. Está certo hoje o cidadão enojado, saturado de política, que diz quase vomitando: “Todos iguais”. Eis a façanha dos partidos brasileiros: acabar com as diferenças. Todos iguais. Todos mesmo? Talvez não.

Quem escapa entre os grandes partidos? Não sei.

Falam em novas eleições.

Topo.

Se os partidos detentores de corruptos de estimação não puderem participar. Se ficarem de fora todos os partidos com políticos acusados de terem sítios ou apartamentos em nome de laranjas em qualquer parte do mundo. Laranja para sítio é mais uma jabuticaba brasileira. Político, eu desconfio.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895