Desabafo de uma professora colorada

Desabafo de uma professora colorada

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Prezado Juremir,

Reuni coragem e indignação para te enviar esse ‘desabafo’.

Sou colorada desde criança. Aprendi a cultivar a paixão pelo futebol e pelo Inter com meu pai, que me levava ao estádio nas sociais do antigo Beira-Rio, onde comprávamos mariola e/ou trocávamos de lugar se o time estivesse perdendo. Sempre acreditei que entendia de futebol. Na faculdade costumava jantar no Restaurante Universitário [antigo RU e meus colegas ficavam surpresos quando falava e discutia sobre futebol.

Já se passaram mais de 40 anos da minha formatura e, hoje olhando Inter jogar, me dou conta que desaprendi, que não entendo nada de futebol. Vou a todos os jogos do Inter com minha filha - que consegue ser mais fanática do que eu na idade dela. Entro no estádio, vibro com a torcida. E aí o time entra em campo: o que irá acontecer tem sido uma incógnita. Quando ganha, a torcida se emociona, acolhe os jogadores, o estádio se ilumina.

Mas recentemente está difícil a emoção, o acolhimento e as luzes. Observo o gramado e me pergunto: o que esse treinador está fazendo com todos nós? Busco no entorno os personagens da Direção e a pergunta é mesma. Fica difícil justificar o injustificável. Zona de rebaixamento é para poucos. E nós não deveríamos fazer parte desse grupo. Não posso e nem quero acreditar que os jogadores entrem em campo para ‘perder’. Que para resolver problemas internos – de vestiário, com o treinador, com a Direção – façam ‘corpo mole’. E nós, torcedores, como ficamos? Estamos de coração aberto, cantando “Vamô, Vamô, Inter...”, pulando em nossos lugares, e clamando “Vamos Inter, só te peço essa campeonato”, chorando de emoção quando a bola entra no gol, e em estado de pânico quando a bola se aproxima do nosso gol [pobre Danilo Fernandes.

Cada jogador precisa reconhecer que naquele estádio estão pessoas que dedicam parte do seu amor ao Inter e que estão decepcionadas, magoadas e tristes. É assim que me sinto, Juremir. Talvez, tu que me conheces na minha paixão futebolística, possas me entender neste desabafo. Não desisti do Inter e ainda acredito, tanto que na próxima quinta-feira estarei no estádio com a minha filha, renovando a minha crença que o Inter é muito maior, que tem o tamanho da sua torcida: apaixonada, empolgante e vibrante. Que venha a Ponte Preta...

Cleusa Scroferneker

Professora da Famecos/PUCRS

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