Dilma e Aécio na Record: executivo e investigações
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A mídia agora faz seu jogo duplo de sempre. Primeiro, criticou a "baixaria", que, na verdade, era a exposição de problemas envolvendo os candidatos como cidadãos – caso do bafômetro – ou como políticos – casos de nepotismo. Agora, com o TSE coibindo a exploração desses tópicos, indevidamente, pois ajudam os eleitores a conhecer o caráter e as atitudes dos candidatos, e os próprios interessados baixando o tom, a mídia acha que ficou mais tediosa a discussão.
Foi um excelente debate.
Aécio manteve o sorriso debochado que o torna arrogante e indigesto para muitos.
Dilma manteve-se enrolada, o que torna confusa e indigesta para outros tantos.
A tônica do debate foi um jogando na cara do outro os malfeitos dos seus partidos e governos.
No popular, quem roubou mais.
Aécio foi malandro ao dizer que no seu partido não tem condenados. Não foram julgados.
Dilma rebateu que não arquivou nem impediu investigações.
Aécio disse que o executivo não tem poder para impedir investigações.
Tem. E muito. O executivo pode mobilizar tropas para impedir CPIs. Acontece toda hora. O delator Paulo Roberto Costa, que, de maneira equânime, acusa PT, PMDB e PP de receber propinas em negócios da Petrobrás, acusa também o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, já falecido, de ter recebido R$ 10 milhões para abafar justamente uma CPI da Petrobrás.
De quebra, o temível Costa mandou bala também contra a ex-ministra Gleisi Hoffmann, que teria recebido R$ 1 milhão para sua campanha ao Senado pelo Paraná. A moça, como todos, nega e se mostra surpresa e indignada.
O executivo controla o principal organismo de investigação: a Polícia Federal.
Por fim, o executivo escolhe o Procurador-Geral da República, responsável pela apresentação de denúncias. Alguns, como Roberto Gurgel, são mais independentes e disparam sem constrangimentos contra quem os nomeou. Outros, como o famoso Geraldo Brindeiro, engavetam tudo de acordo com suas inclinações políticas ou conforme o humor do dia.
Nas contas de malfeitos dos últimos 20 anos, PT e PSDB empatam. Para quem acha que não, Dilma repetiu os cinco probleminhas tucanos – Sivam, Pasta Rosa, emenda da reeleição de FHC, mensalão mineiro e propinoduto de São Paulo.
O PT leva de goleada em investigações e julgamentos. Casos como o da emenda da reeleição ficaram pelo caminho. Outros, como o mensalão tucano, continuam na fila para, quem sabe, se não prescrever, chegar a julgamento algum dia.
Por quê?
Ninguém sabe.
O Brasil precisa de um choque de investigação e de um choque de julgamentos.
O mensalão mineiro deveria ser julgado pelo STF como aconteceu como o mensalão petista.
O debate foi bom. Uma análise desapaixonada, fria e sem comprometimentos, como manda a cartilha do bom comentarista, indica o caminho da conclusão. Não teve ganhador. Cada candidato teve altos e baixos.
Até propostas apareceram.
Incrível.