Direita Miami, golpe e terceiro turno

Direita Miami, golpe e terceiro turno

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Tudo é verdade. O contrário também. Ou não seria tudo.

O PT reincidiu. Voltou à cena do crime. Fez, na Petrobras, o mensalão dois. Levou junto os parceiros de sempre: PP e PMDB. Aplicou um golpe, como no mensalão, começado antes. O delator Pedro Barusco disse que tudo iniciou na era FHC. A oposição quer particularizar o velho roubo para que só o PT seja pego. O PT quer universalizar para que todos sejam absolvidos na base do “se todos são, ninguém”.

A verdade é que a oposição, liderada pelos tucanos, está apostando no terceiro turno eleitoral. Perdeu, mas não se conformou, nem mesmo com Dilma virando a mesa e escolhendo um tucano para ministro da Fazenda.

O ódio ideológico da “elite branca”, até o ex-tucano Bresser Pereira se deu conta disso, ao PT é tão grande que a oposição não quer mandar no país tendo Dilma como mera rainha da Inglaterra. Quer vê-la no papel de Maria Antonieta. Sem cabeça. De nada adiantou o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, ex-guerrilheiro comunista, dizer que prefere ver o governo sangrar durante quatro anos. A direita Miami e a mídia lacerdinha querem todo o sangue agora. A corrupção como sempre, foi assim em 1964 e em 1954, é só um pretexto. O empresário Ricardo Semler já tinha desmontado essa fábula de que nunca se roubou tanto quanto agora. Sempre se roubou mundos e fundos. Bresser foi direto ao ponto: tudo isso é desprezo pelos pobres em pequena ascensão.

Nem o fato de que Dilma está fazendo a política dos ricos, que ganharam muito dinheiro com Lula e ela no governo, acalma a Direita Miami. Ganharam dinheiro, mas tiveram de suportar Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, política de cotas, plebe andando de avião e comprando carro, pobre na universidade, uma montanha de coisas inadmissíveis e contrárias ao bom gosto. Sem contar que jamais esqueceram a raiva que sentiram quando um torneiro mecânico de pouca formação escolar governou melhor que o doutor FHC, o catedrático que mais sucateou as universidades públicas brasileiras. Não vamos tapar o sol com a peneira: é terceiro turno, sim. É luta de classes também. Ideologia contra ideologia atiçada por quem adora falar que não existem mais ideologias. É direita contra esquerda mesmo que o PT como esquerda seja só um arremedo de esquerda. A direita é direita com tudo o que tem direito e quer retomar o seu trono secular.

Alguém poderia explicar por que a direita não está pedindo a saída dos presidentes da Câmara e do Senado?

A corrupção do PMDB não interessa. Nem a do PP. Muito menos a do PSDB. Assim como não interessam e foram esquecidos os casos de corrupção tucanas do metrô de São Paulo e de Furnas (tem lista) em Minas Gerais. A mídia lacerdinha também não esquenta com a lista de dinheiro da direita Miami guardado no exterior em contas no HSBC. A falência do governo tucano do Paraná tampouco dá muitas manchetes. É questão partidária, sim. Só que o PT fez por merecer o seu inferno, mas não, por enquanto, o impeachment da presidente Dilma. Não é por virtude que a direita Miami sairá às ruas e baterá panelas teflon. É por ressentimento. Golpe na veia. Venezuelização pela direita. Retorno ao lacerdismo.

Não é contra os infinitos defeitos do PT, mas contra o que fez de bom.

Perguntas que jamais calam:

- Por que a direita Miami, com mansões nos Jardins paulistanos e contas na Suíça, não saiu às ruas pedindo o impeachment de Geraldo Alckmin quando veio à toma o escândalo do metrô de São Paulo comprometendo governadores tucanos e secretários do tucanato?

- Por que a direita Miami, com coberturas na Barra da Tijuca, não sai às ruas no Rio de Janeiro pedindo o impeachment de Pezão citado na segunda lista Janot e há muito, como seu guru, Sérgio Cabral, enrolado em obscuras pendengas subterrâneas?

A questão é de coerência. Não existe meio corrupto. O negócio é botar todo mundo na cadeia. Mas a direita Miami só quer se livrar do PT. O caminho mais simples é longo: esperar a próxima eleição.

O impeachment, apelido jurídico do golpe quando não há prova de algum crime, é um atalho sonhado.

A mídia lacerdinha está apostando todas as suas fichas nesse azarão.

 

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