Dos pixulecos aos michulecos

Dos pixulecos aos michulecos

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      Tudo se acelerou.

Agora a pergunta da Rede Globo é: qual o governo mais corrupto, o de Dilma ou o de Temer? Dilma nunca foi acusada por um delator de ter recebido um milhãozinho para consumo pessoal. Nunca foi gravada por empresário dizendo “ótimo, ótimo” ao ouvir que o dito cujo estava segurando dois juízes e comprando um procurador da República. Essas são prerrogativas de Michel Temer. O Brasil mudou. A inflação encolheu. O desemprego aumentou. A relação é direta. Antes havia pixulecos e a massa de camiseta da CBF na rua. Agora há michulecos e a massa de pijama em casa. Pra frente, Brasil.

Michel Temer tornou-se caso de polícia segundo a mídia que antes o queria no comando. Virou o corrupto de estimação do PIB. Os seus assessores especiais caem como moscas. Sandro Mabel, condenado no mensalão, companheiro de sala de Rocha Loures em gabinete vizinho ao do presidente da República, pediu o boné. Loures, o da mala de 500 mil, indicado por Temer para ser o interlocutor de Joesley Batista, aguarda o convite para ocupar uma cela em Curitiba. A turma de Temer esperneia. Mudou-se o ministro da Justiça para que se possa aparelhar a Polícia Federal e diminuir o tráfego da Lava Jato. Tráfico, segundo o senador Zezé Perrela, que adora Aécio Neves e é adorado por ele – aquele do helicóptero abarrrotado de cocaína que virou pó – é com ele.

O tucanato visita o afastado Aécio Neves em casa para decidir o devir do país com um senador sem futuro. Romero Jucá, Eduardo Braga e Jader Barbalho, campeões de suspeitas de corrupção, agora integram o Conselho de Ética do Senado. O PSDB brada: “As reformas acima de tudo”. A corrupção em segundo lugar. Temer manobra para reeditar Medida Provisória que mantenha seu braço direito Moreira Franco com foro privilegiado. Sem essa garantia ele corre o risco de virar companheiro de cela, não de sala, de Rocha Loures nalguma prisão. A república do PMDB ofende a casa da mãe joana, mulher que entregava o prometido e só cobrava o justo preço, aceitando gorjeta, não propina.

O futuro de Michel Temer depende do Tribunal Superior Eleitoral, presidido pelo amigo Gilmar Mendes, cuja família vende gado para a JBS. Mundo pequena, eita! Onde passa boi passa boiada. O Brasil ainda não deixou de ser um curral. A bancada do boi manda bala. A plebe assiste. Circo não lhe falta. Quando se exalta, apanha. É democracia. Temer só continua usando mesóclises no Planalto pela falta de vergonha de uns e pela amplitude do “derrière” de outros. O seu aliado, também citado na Lava Jato, Rodrigo Maia, que posa de presidenciável para eleição indireta, está sentado em cima de uma dúzia de pedidos de impeachment, um deles assinado pela Ordem dos Advogados do Brasil.

Faz algum tempo, bastante recente, alguns batiam no peito com orgulho e diziam: “Eu não votei no Temer. Eu votei no Aécio”. Que falta de informação. Brasileiro vota errado até quando foge do erro? Só resta o desabafo: “Todos iguais”. Pero no mucho. Michel Temer largou atrás e já lidera a corrida. Até quando o mercado o sustentará? O que está acontecendo. O jornal O Estado de S. Paulo ataca a Lava Jato. Dee repente, bravos defensores da transparência passaram a defender ladrões?

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