Em Paris, novo triunfo da barbárie
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Uma mulher permanece minutos infindáveis pendurada numa janela.
Homens arrastam corpos pela rua.
Tiros ensurdecem os desesperados.
O Ocidente é refém daquilo que de melhor produziu: a ideia de tolerância.
Para não ser intolerante, submete-se aos supostos valores de outros.
Mas é vítima também de si mesmo e das suas intervenções onde não foi chamado.
Essa última afirmação tem seu limite. Deveria o Ocidente deixar infelizes para sempre submetidos a ditadores sanguinários? Ou só se deveria intervir tendo algo melhor para colocar no lugar? Um monstro assombra o mundo. Chama-se Estado Islâmico.
Teremos chegado ao momento de reinventar o Estado-nação com a liberdade de estabelecer regras dentro do seu território sem delas abrir mão em respeito a supostos direitos de outros?
Terá chegado a hora de estabelecer um novo universal contra os particularismos assassinos?
Paris já não é uma festa.
Paris é um campo de mortos.
A superstição da sexta-feira 13 se impôs.
Por que o Bataclan foi atacado?
Por ser uma casa noturna onde tocava uma banda americana?
Também.
Mas principalmente por se situar no Boulevard Voltaire.
Um ataque contra Voltaire, contra o nome do iluminismo, contra as luzes, contra a razão.
Uma fuzilaria contra o nome do homem que gritou "esmagai o infame".
O infame era o fanatismo religioso.
As luzes da cidade se apagam.