Era uma vez um lobo e seus caçadores
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Falo do lobo porque a sua situação me preocupa.
O lobo parece o Neymar: dribla, dribla, toma pau e, na hora do bem bom, perde o título.
Mas lobo é lobo, Neymar é Neymar, jogo é jogo.
O lobo segue de cola em pé.
De vez em quando, toma um tiro.
Vez ou outra, até se dá bem.
Esse lobo é solitário.
Abandonou a matilha.
É um lobo solo.
Assiste do alto de uma colina ao trabalho dos caçadores furiosos, batendo queixo, juntando munição de qualquer jeito, cada vez mais perdidos, sectários, coléricos, desesperados, dispostos a tudo, atirando para todos lados, contratando mercenários, usando armas alheias, cuspindo marimbondos, vomitando impropérios, defendendo o indefensával, olhando por um olho só, resfolegando, correndo, tropeçando, levantando, chutando pedras, esfolando os joelhos, batendo cabeça.
E o lobo, cínico, cético, filosófico, irônico, observando, rindo, analisando, buscando compreender.
Pobres dos caçadores!
Pobre do lobo!
O tempo passa.
A luta é sempre a mesma.
De repente, o lobo vira lobisomem.
Já os caçadores, mumificados, nunca mudam.
Moral da história: melhor ler Paulo Coelho.