Esse New York Times que me cita
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Cheguei a uma conclusão inapelável: um jornal que me cita e que defende tais posições sobre o Brasil só pode ser comunista. É isso. O New York Times é um diário americano vermelho e desinformado. O mesmo vale para o inglês The Guardian, a rede americana CNN e os jornais franceses Le Monde, Libération e Le Figaro. Todos pensam como eu. A verdade é que eu achava o Figaro de direita. Ledo engano. Assim como o New York Times, que tem a desfaçatez de me citar, o Figaro é comunista, desinformado e idiota. Eis a prova: “O que está acontecendo no Brasil no momento é o maior paradoxo: a presidente Dilma Rousseff foi destituída por deputados e senadores que, dois terços deles, estão envolvidos em casos de corrupção em relação aos quais as acusações contra a presidente parecem pecados venais”. Uau!
O comunismo tomou conta da imprensa mundial. Nem os bastiões do pensamento liberal resistiram. The Guardian vai perder assinantes depois de dizer que O Brasil ainda tem “um longo caminho a percorrer antes de se tornar uma democracia estável”, o que, segundo esse jornal certamente marxista, exige “pluralismo e diversidade na mídia”. A crise brasileira, nessa ótica mal-informada, “só pode ser compreendida olhando para a história do autoritarismo, da desigualdade social e da exclusão dos pobres por elites que, com exceções, têm sido tradicionalmente hostis a qualquer forma de mudança social (...) “O Brasil precisa de profundas reformas estruturais, da agricultura à política e tributação. Atualmente 70% dos impostos são cobrados sobre o consumo, e apenas 30% na propriedade”.
Nunca vi tanta bobagem reunida. Andam todos me lendo.
O New York Times vai perder grande parte da sua reputação depois de ter tido a má ideia de indicar a leitura dos meus textos. Alguém vai ser demitido por lá. Nunca o NYT se rebaixou tanto. Com fartura de analistas da situação convencidos da legitimidade do afastamento da presidente, que chamam de impeachment, foi escolher logo a mim, um imbecil considerado pelos mais atentos como suspeito de professar a pior ideologia do planeta, o comunismo. Depois dessa, não leio mais o New York Times. Não leio jornais estrangeiros que me citem. Essa crise brasileira está confundindo todo mundo. Tudo se esfera. O New York Times já foi um jornal sério.
A imprensa ianque teve momentos melhores. Já era. Virou odioso um panfleto vermelho.