Estamos em guerra ideológica
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Não há polo fora da polarização. Essa guerra se repete deste 1964.
E desde antes. Em quase tudo, dá empate. Mensalão petista contra mensalão tucano mineiro, escândalo da Petrobras/Pasadena contra escândalo do propinoduto tucano e da Alstom em São Paulo, etc. Os petistas queixam-se, com razão, que os escândalos da esquerda são julgados no STF enquanto os dos tucanos voltam para primeira instância ou são engavetados. Os tucanos alegam, com razão, que o PT precisa saber que se pode fazer política social sem assaltar a Petrobras. Nessa guerra ideológica, a mídia entrou de cabeça. Em torno de 99% dos colunistas tucanaram. É só ler Merval Pereira, em O Globo, ou Eliane Cantanhêde, na Folha de S. Paulo, para se ter a síntese das opiniões dominantes na imprensa. O historiador de direita Marco Antonio Villa retomou o título de um dos editoriais do Correio de Manhã, de 1964, para derrubar Jango e o lançou contra o PT: Basta!
O pau está comendo. FHC sugeriu que os pobres votam no PT por falta de informação. Há um preconceito embutido nessa observação maliciosa. Nas redes sociais, contudo, é marcante a desinformação também dos mais ricos e eleitores de Aécio. É gente convencida de que Dilma pretende transformar o Brasil numa Venezuela, mas uma Venezuela conforme a descrição da revista Veja, conhecido panfleto ideológico lido em salas de espera. Nessa guerra total, isento é o jornalista cuja opinião coincide com a do seu leitor. A ironia assusta e já tem até tarja de advertência: atenção, esse texto contém ironia. Uau!
Os vazamentos de informações da investigação sobre o escândalo da Petrobras mostram claramente a politização do inquérito. Polícia Federal, Ministério Público e judiciário também estão no jogo. Voltamos a março de 1964. Uma leitura é simples: lacerdistas contra as reformas de base. A leitura oposta confirma a primeira: a moralidade contra a corrupção generalizada. Título do filme: No retrovisor do tempo. Só faltam as marchas da Família. Eduardo Campos queria ser terceira via. Marina Silva apostou nesse caminho. O seu apoio a Aécio, assim como o da família de Campos, revelam que a terceira via era apenas uma alça de acesso ou uma estradinha paralela. Guerra é guerra. Façamos de conta que está tudo bem.
O observador enfastiado só tem uma palavra na ponta da língua: nulo.