Experências escolares e cotidianas otimistas
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Outro dia, fui conversar com alunos da Escola Judith Macedo de Araújo, no Morro da Cruz, convidado pela professora Margarete. Fui muito bem recebido pelos professores. Estive lá duas vezes. Na última, diante de alunos muito interessados, falei sobre História e histórias.
Quase ao final, um menino, Júlio Frederico, levantou a mão e fez uma pergunta inusitada:
– O senhor prefere Camões ou Dante?
Foi sublime. No dia seguinte, fui à Barra Funda, que se emancipou há uns 20 anos de Sarandi, participar de um evento, na Escola Zandoná, com mais três moças muito preparadas e boas de fala. A professora Cândida, organizadora da atividade, deu um show. Num ginásio, ela montou um programa de televisão, no modelo de Serginho Groissman, com banda de música, blocos de perguntas, teatro e muita animação.
O resultado foi a mobilização da galera, muita criatividade e um ambiente de descontração e reflexão sobre política, comportamento e cultura.
Encantado com essas experiências, fui à feira ecológica da José Bonifácio, no Bom Fim, neste sábado de manhã.
Uma senhora me cumprimentou carinhosamente:
– Alors, ça va, Monsieur?
O cotidiano é essa rede de afetos e de descobertas. Em meio à agressividade das redes sociais, os contatos presenciais ainda parecem marcados por maneiras delicadas e amistosas. Mas não se pode exagerar. A internet também é feita de trocas afetivas e calorosas. O pêndulo oscila. Perdemos e ganhamos a cada momento. Só perdemos tudo quando sucumbimos à melancolia do ideal que, em nome da perfeição do passado ou do futuro, sufoca a beleza precária do aqui e agora. Diante de um copo com água até a metade, um homem sedento exclamou:
– Será que eu consigo vencer o vazio e chegar até a água?