Feliz Ano Novo e banalidade do mal

Feliz Ano Novo e banalidade do mal

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É isso aí, moçada: feliz ano novo! 2017 começa hoje. Tem tudo para ser péssimo com as reformas da Previdência e das leis trabalhistas. São tantas as dúvidas: será que Eliseu Padilha vai vender o Trensurb para os chineses até o final de março?

O boato é forte. Padilha representa o interesse do seu governo.

Para entrar bem o ano fui ao cinema. Não tinha ingresso para o ganhador do Oscar. Vimos O Apartamento, do iraniano Asghar Farhadi, o mesmo de A Separação, que assisti no meio das férias. O diretor ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro pela segunda vez. E faturou prêmio em Cannes. Manda bem. Nada de heroísmos. Vida cotidiana mesmo.

Sugiro que nesta quarta, dia internacional da mulher, os homens vejam O Apartamento. É um filme sobre abuso masculino. Abuso, machismo, indiferença, estupidez, conceito de honra, vingança e violência. Pacote completo.

O filme parece repisar o controvertido conceito de Hannah Arendt sobre a banalidade do mal. O estuprador pode ser qualquer um numa sociedade dominada por machos e machistas legitimados em seus instintos por milênios.

Se o mal tem sido banal, podendo ter seu executor no meio de nós, como enfrentá-lo?

Talvez o começo da saída esteja numa mudança de visão. Farhadi trabalha bem as ambivalências dos personagens: o velho safado, dissimulado e manipulador; a esposa abusada que quase se sente culpada; o marido que se sente desonrado e quer vingança; a sociedade que julga e condena a vítima. O espectador é empurrado a sentir pena do pobre velhinho canalha. O marido implacável quase vira o vilão. Mesmo a abusada sente pena do algoz. Tudo é encaminhado para os panos quentes.

Parece o Brasil depois que Michel Temer tomou o poder.

Deixa pra lá as acusações de corrupção e as  citações do seu nome na Lava Jato, ele quer fazer as reformas.

A banalidade do mal é também o jogo pela lei das conveniências.

Deixar como está para supostamente diminuir o estrago.


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