Fernanda e Camila, duas rebeldes com causa

Fernanda e Camila, duas rebeldes com causa

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A Marcha dos Pinguins pela Educação Pública

 

Fernanda Melchionna (PSOL) – Vereadora de Porto Alegre

 

Estamos vendo uma onda de mobilizações multitudinárias no Chile que pautam a defesa da educação estatal, gratuita e de qualidade. São jovens secundaristas, universitários, professores que tomam às ruas, com suas bandeiras e palavras de ordem, com as assembléias dentro das escolas, com as greves estudantis e ocupações dos institutos educacionais para defender uma educação realmente pública. São jovens de 14, 15 anos que já tem clareza da necessidade de tomar a política em suas mãos e lutar para mudar este modelo educacional. Já contam com 80% de apoio da opinião pública e não é para menos, afinal neste país, que foi o laboratório do neoliberalismo na América Latina, não existe Universidade Gratuita apesar dos altos impostos pagos pela população.

A educação de mercado é a marca do sistema educacional chileno, sendo que durante muitos anos foi citado como modelo a ser seguido em outros países como o Brasil. Felizmente a resistência do nosso país garantiu que não chegássemos a este patamar de privatização, ainda que os investimentos do governo brasileiro não cheguem perto dos 10% do PIB para a educação como foi votado no Plano Nacional de Educação e a grande maioria das vagas universitárias sejam oferecidas pelas universidades privadas.

Durante a semana que estive no Chile acompanhando as mobilizações estudantis presenciei a batalha do dia 4 de agosto, em que ficou clara a tentativa do governo em reprimir a efervescência juvenil que tomava conta das ruas da cidade. Lamentavelmente, a cidade parecia estar em Estado de Sítio, com gás lacrimogêneo, pimenta e carros de guerra que lançam água sobre o povo. Entretanto, o povo se levantou saiu às ruas batendo panelas para apoiar os jovens. Só tinha se visto tal demonstração na luta contra a ditadura no final da década de 80. No dia das crianças, que lá é comemorado no dia 07 de agosto, as famílias foram às ruas dar o melhor presente às crianças, lutar pela educação pública e o futuro de seus filhos. Foram quase cem mil pessoas nas ruas.

Ontem novamente a paralisação nacional colocou a pauta nas ruas de várias cidades do Chile para mostrar que a luta está apenas começando, que é parte da luta dos indignados no mundo como na Espanha, na Grécia, em Portugal e, recentemente, em Israel que desenvolvem a luta por uma Democracia Real, juntos nas praças, nas escolas, nas universidades, nas ruas. Que venham do Chile para o Brasil não apenas as frentes frias dos Andes, mas também o calor das ruas!

 

 

 

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