Forças Armadas devem desculpas à nação
publicidade
Em 1964, o Brasil não estava à beira do comunismo.
Não havia guerrilha de esquerda atuando no país.
As reformas de base propostas por Jango dinamizariam o capitalismo fortalecendo o mercado interno.
As Forças Armadas traíram a nação em nome dos interesses dos Estados Unidos.
O regime reprimiu e torturou desde o primeiro dia.
A luta armada de esquerda só se tornou possível como reação ao arbítrio implantando pelos militares.
É uma questão cronológica.
Os resistentes à ditadura foram presos, cassados, exilados, mortos ou julgados pelo Superior Tribunal Militar.
E muito torturados. Fanaticamente torturados. Perversamente torturados por psicopatas.
Desde 1964.
Os torturadores, como Ustra, Ibiapina e Paulo Malhães, nunca foram punidos.
Conheci ontem, em Três Passos, um senhor, Alberi, que foi torturado por Malhães.
Conheci também a filha de um torturado por Malhães.
Esse animal nunca será punido?
Carlos Lamarca e Carlos Marighella foram executados.
Os torturadores, que cometeram crimes contra a humanidade a serviço dos ditadores que se apossaram do Estado, não foram julgados. A Lei da Anistia serve-lhes de cobertura. Essa é a raiz da impunidade no Brasil.
As Forças Armadas precisam pedir desculpas pelo erro de avaliação em 1964 e pelas torturas, mortes e desaparecimentos ao longo do regime militar. Devem desculpas pelos anos sem eleições diretas, pelas cassações arbitrárias, pela censura, pelas demissões injustificadas e pelos fechamentos do Congresso Nacional.
Jornais como O Estado de S. Paulo e a Folha de S. Paulo devem desculpas ao país pela desinformação, pela covardia, pelo conservadorismo, pelo apoio descarado à ditadura e pela desfaçatez em continuar justificando o golpe.
Devem desculpas ao Brasil todos aqueles que desavergonhadamente continuam invertendo a cronologia dos fatos e comemorando o período mais tristes e obscurantista da nossa história recente. Uma vergonha. Um horror.
Avante, Forças Armadas, é hora de pedir desculpa.