Forças Armadas devem desculpas à nação

Forças Armadas devem desculpas à nação

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Neste 1º de abril, 50 anos depois do golpe de 1964, só há uma verdade a dizer: as Forças Armadas devem desculpas ao Brasil. A coragem, a honradez e a transparência exigem um pedido de desculpas à nação brasileira.

Em 1964, o Brasil não estava à beira do comunismo.

Não havia guerrilha de esquerda atuando no país.

As reformas de base propostas por Jango dinamizariam o capitalismo fortalecendo o mercado interno.

As Forças Armadas traíram a nação em nome dos interesses dos Estados Unidos.

O regime reprimiu e torturou desde o primeiro dia.

A luta armada de esquerda só se tornou possível como reação ao arbítrio implantando pelos militares.

É uma questão cronológica.

Os resistentes à ditadura foram presos, cassados, exilados, mortos ou julgados pelo Superior Tribunal Militar.

E muito torturados. Fanaticamente torturados. Perversamente torturados por psicopatas.

Desde 1964.

Os torturadores, como Ustra, Ibiapina e Paulo Malhães, nunca foram punidos.

Conheci ontem, em Três Passos, um senhor, Alberi, que foi torturado por Malhães.

Conheci também a filha de um torturado por Malhães.

Esse animal nunca será punido?

Carlos Lamarca e Carlos Marighella foram executados.

Os torturadores, que cometeram crimes contra a humanidade a serviço dos ditadores que se apossaram do Estado, não foram julgados. A Lei da Anistia serve-lhes de cobertura. Essa é a raiz da impunidade no Brasil.

As Forças Armadas precisam pedir desculpas pelo erro de avaliação em 1964 e pelas torturas, mortes e desaparecimentos ao longo do regime militar. Devem desculpas pelos anos sem eleições diretas, pelas cassações arbitrárias, pela censura, pelas demissões injustificadas e pelos fechamentos do Congresso Nacional.

Jornais como O Estado de S. Paulo e a Folha de S. Paulo devem desculpas ao país pela desinformação, pela covardia, pelo conservadorismo, pelo apoio descarado à ditadura e pela desfaçatez em continuar justificando o golpe.

Devem desculpas ao Brasil todos aqueles que desavergonhadamente continuam invertendo a cronologia dos fatos e comemorando o período mais tristes e obscurantista da nossa história recente. Uma vergonha. Um horror.

Avante, Forças Armadas, é hora de pedir desculpa.

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