Futebol não é coisa séria

Futebol não é coisa séria

Ressonância Magnética descartou lesão do atacante Edu, do Inter

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Esse título é provocativo.

Futebol é a mais séria das coisas que não são sérias.

Pessoas brigam por algo cuja base é a flauta.

O Grêmio tem o estádio em construção mais avançado do Brasil somente porque o do Inter foi escolhido para a Copa do Mundo de 2014.

Ferido em seus brios, o Grêmio entregou-se para uma empreiteira, mas vai terminar antes.

Terá, quem sabe, o melhor estádio de treinos para Japão e Coreia.

Deve inaugurar a bela Arena com um jogo contra o Mazembe?

É sério isso?

Futebol é coisa de criança grande.

Provocação contra provocação.

O Inter faz o mesmo.

Vai se entregar de corpo e alma para uma empreiteira para ter seu estádio na Copa do Mundo, privilégio do qual o rival está excluído.

O contrato com a Andrade Gutierrez tem cláusulas sigilosas.

O que não se pode saber?

Qual é o segredo?

O que precisa ficar escondido?

A empreiteira vai receber muito para fazer a obra.

Vai pegar de cara uma bolada com o Inter.

Depois, vai buscar dinheiro a juro de mamata com o BNDES.

Gremistas e colorados vão pagar essa jogada com cláusulas secretas.

Tem gente sustentando que o Inter poderia fazer a obra com recursos próprios.

Trata-se de defesa de interesse próprio?

De fazer o negócio com empreiteira dos que defendem a obra com recursos próprios do Inter?

Por que essa pergunta não é feita diretamente aos interessados?

Num país de jeitinhos e esquemas, contrato com empreiteira contendo cláusulas secretas a ser financiado com recursos públicos subsidiados não é coisa séria.

Milhões serão gastos para que se possa tocar uma boa flauta.

Quem dança, claro, é o contribuinte.

Mas como o contribuinte também é torcedor, leva na flauta.

O Brasil não é um país sério.

Isso já se sabia.

Não pode ser sério, pois é o país do futebol, que não é coisa séria.

As leis vigentes sobre álcool em estádios e preços de ingressos estão sendo revogadas por exigência da Fifa.

Fazemos qualquer negócio.

Desde que o negócio seja bom para alguns.

O importante é que termine em flauta.

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