Futuro do livro e do cérebro na Feira

Futuro do livro e do cérebro na Feira

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Nosso cérebro vai mudar?

O livro em papel vai desaparecer?

Toda a vida transformadora acontecerá em rede?

Todo imaginário será virtual?

O caro leitor tem respostas para essas questões tão interessantes e aparentemente abstratas? Vamos, cada vez mais, amar, sonhar e até ter relações sexuais a distância? Trocaremos o papel pelos dispositivos eletrônicos de leitura? Como será a feira do livro do futuro? Terá lugar para a escrita no mundo do ano três mil? Vamos discutir isso tudo e um pouco mais em dois eventos: hoje, às 18 horas, no auditório Barbosa Lessa (Andradas, 1223, 4º Andar - Centro Cultural CEEE Erico Verissimo) e, de terça a quinta, na PUCRS, no XII Seminário Internacional da Comunicação, “Imaginário em rede”. Que tal? Provocativo.

Na mesa-redonda deste final de tarde na Feira do Livro de Porto Alegre, contaremos com um time de debatedores de primeira linha, todos professores universitários e intelectuais atuantes: o brasileiro, radicado no Canadá, Roberto Almeida, os franceses Philippe Joron e Denis Fleurdoge, o italiano Vincenzo Susca, a brasileira Lúcia Santaella, especialista em semiótica, e o cosmopolita Ivan Izquierdo. Estamos encafifados com essas interrogações. Queremos saber como será o cérebro do futuro, o que ele lerá e como será afetado pela vertigem da evolução tecnológica que vai continuar agindo. Refletir não dói. Estão todos convidados. Cheguem cedo.

Pode faltar lugar. Avisei.

No Seminário Internacional da Comunicação da PUCRS, já com lotação esgotada, mais de 500 inscritos, teremos ainda Pierre Lévy, o homem da inteligência coletiva, e Howard Rheingold, o criador do conceito de comunidade virtual. Como diria um treinador de futebol: estamos trabalhando. Para quê? Para semear questões. Perguntar é uma obrigação intelectual. Encontrar as respostas é uma meta que pode não ser alcançada, mas deve ser almejada. As perguntas definem uma época. Quando a Feira do Livro de Porto Alegre surgiu, há seis décadas, nenhuma das questões agora postas fazia sentido. O mundo mudou.

O óbvio escorchante esfola-se até que saibamos escutá-lo.

Tem gente que não quer ouvir falar disso tudo. Há quem considere o cérebro imutável, o papel intocável, a rede, esse monstro tão novo e já tão velho, uma miragem. Não adiante resistir. Andamos com uma memória artificial, cada vez mais poderosa, no bolso. Se eu deixar a minha em casa, esqueço onde moro. O tempo em que era importante saber de cor os afluentes do Amazonas e a lista dos imperadores romanos ficou para trás. Ainda é importante saber que o Amazonas tem afluentes e que existiram imperadores romanos. A inteligência ficou, definitivamente, mais importante do que a memória, mas é melhor ter memória para não esquecer de ser inteligente.

Já que a rede está aí mesmo, vamos refletir juntos. Ainda não apareceu o grande livro, a obra-prima de ficção, fruto da inteligência e da produção coletivas. Mas não é de duvidar que esteja a caminho. Estamos vivendo a grande mutação. Por isso, não percebemos o quanto navegamos no olho do furacão. Resta-nos pensar.

 

 

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