Há um golpe gritando no ar

Há um golpe gritando no ar

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A América Latina se modernizou.

Já não dá golpes militares.

Isso faz parte de um passado grosseiro.

Agora, os golpes são constitucionais.

Uma contradição de termos.

Estupra-se a Constituição para que ela confessa o que não diz.

Juristas se enfrentam. Cada qual com sua tese.

Vence quem tiver mais prestígio ou capacidade de convencimento.

O texto constitucional é uma vaga referência, até por ser obscuro.

O herói da oposição, que deseja passar o Brasil a limpo, é Eduardo Cunha, um deputado que está sujo até a alma. Não importa. Só interessa a possibilidade de golpear o adversário.
O impeachment está previsto Constituição se houver crime de responsabilidade do presidente da República. Não pode ser algo indireto. Precisa ser um ato consciente. Qual?

As pedaladas fiscais?

Todos os antecessores de Dilma praticaram-nas.

No Esfera Pública, na Rádio Guaíba, o jurista Miguel Reali Jr., signatário do pedido de impeachment acatado pelo homem-bomba Eduardo Cunha, admitiu que at FHC, de quem foi ministro, pedalou, mas arranjou uma diferença: "O valor". Até que valor pode pedalar?

Os antipetistas cegos de ideologia vociferam: "Defendendo ladrões". Os petistas devolvem: "Quem vocês?" O analista não se inquieta: defendendo a Constituição e a democracia.

Há um golpe parado no ar.

O PT fez, em parte, por merecer.

Resta provar o crime de responsabilidade da presidente.

Incompetência, já provada, não justifica destituição.

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