Histórias de leitores e da Legalidade (2)

Histórias de leitores e da Legalidade (2)

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Há alguns anos remeti e.mail informando que apreciava suas crônicas e textos em geral. Essa é a parte principal das minhas credenciais ou ficha pregressa.

Apresento-me – como se fossemos ao passado, mais precisamente ano de 1961. Observo, por ser leitor permanente, que o senhor está escrevendo sobre acontecimentos a margem de seu livro recentemente lançado sobre a Legalidade. Não li ainda mas o acho muito bom. Como velho e mal aposentado espero que uma nora ou um filho me presenteie com ele.

Apresento-me, como dizia: (Em posição de sentido e fazendo continência): Soldado do Primeiro Pelotão da Primeira Companhia de Guardas (P.Alegre) 1961, agora, cercando os setentas.

Comandante da Companhia em 61: Capitão Pedro Américo Leal (Hoje coronel e político conhecido)

Estávamos de prontidão severa. Recebemos ordens superiores de dinamitar os transmissores da Rádio Guaíba, lá nas ilhas. Um primo meu, também soldado servindo na época, por ser esportista remador de algum clube esportivo, e um sargento, devidamente disfarçados de pescadores, fizeram um reconhecimento do local.

Lá estava há alguns dias um forte e numeroso grupamento de soldados da Brigada Militar defendendo os transmissores.

A versão do então capitão é que ele se negou, perante aos seus superiores, de cumprir a ordem. Na madrugada dessa decisão ele disse aos soldados para que se houvessem alguns feridos que não parássemos de atacar para acudi-los, que continuássemos na invasão-missão. Mas nós queríamos saber qual era a missão. Isso é falta grave no exército. Os sargentos, separadamente, fizeram uma reunião e o chamaram. Queriam saber detalhes. Aos sargentos ele disse que devia explicação, mas que “soldados se põe em forma e obriga ir...”  Ele não sabia que muitos soldados se negariam a realizar missão contra a Legalidade. Alguns sargentos conheciam essa decisão. Resumindo: A missão não se realizou porque: a) O Capitão não quis expor seus soldados ao perigo; b)porque era uma missão fadada ao fracasso, pois, a Brigada estava lá há dias e conhecia muito bem o terreno, e nós atacaríamos de madrugada sem conhecer os pequenos acidentes geográficos. c) O capitão era à favor e depois mudou de ponto de vista; d) Porque alguns sargentos se negariam e até foram “desativados” uns presos e outros transferidos até para o Hospital Militar; e) Porque grande número de soldados se apresentariam presos mas negariam realizar a missão....(tudo isso acontecendo numa madrugada inesquecível das frias e chuvosas madrugadas de agosto ou setembro.)

 

Essa é uma pequeníssima história que se insere perfeitamente nas margens de seu livro sobre a Legalidade, embora não seja segredo tão grande. Os que a viveram; que ainda vivem podem confirmar. Semelhante aos fatos narrados em sua coluna sobre o que aconteceu lá na Base Aérea de Canoas.

Um abraço

Gostaria que o senhor observasse o sigilo de meu nome e endereços. Não quero polêmicas nem ficar conhecido. Nem encher meu saco de 70 anos.Lá em cima já me identifiquei ao passado. (Cia.Guardas-1961)

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