Lacerdinhas deliram com a queda de Lugo

Lacerdinhas deliram com a queda de Lugo

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A semana passada levou lacerdinhas ao êxtase. A Rio + 20 fracassou. No exterior, virou Rio – 20. Os governantes passaram por cima das preocupações ecológicas sem a menor cerimônia. Está aberto o caminho para que, depois da partida das visitas, sejam retomadas as “negociações” sobre o Código Florestal brasileiro. A bancada ruralistas vai se fardar e exigir mudanças. Deve conseguir. É só uma questão de tempo e de insistência. A chantagem da "segurança alimentar" sempre funciona.

Mas os lacerdinhas vibraram mesmo foi com o golpe no Paraguai. Um orgasmo de dimensões sul-americanas. Andam tão assanhados os lacerdinhas que garantem que não houve golpe. Nada mais do que um afastamento constitucional.

O Partido da Imprensa Golpista (PIG), liderado pela revista Oia, adorou a queda de Fernando Lugo.

A Rede Baita Sol, em Palomas, apinhada de lacerdinhas, não deixou de aceitar as razões do golpismo.

O lacerdismo está tão na moda que alguns lacerdinhas tentam limpar a biografia do Grande Líder, Carlos Lacerda, que fez de tudo em favor do golpe de 1964, achando que graças a ele chegaria à presidência da República, e, escanteado, resolveu ser oposição. Acabou cassado. Apesar de muito culto, era burro. O neolacerdismo continua tentando aplicar os mesmos golpes. Por um lado, denuncia o fim das ideologias. Por outro lado, comporta-se de modo extremamente ideológico. Derrubar presidente de esquerda pode. A esquerda pensa da mesma forma. Derrubar presidente de direita pode. Estamos no auge de uma fase ideológica. Só não há ideologia dentro dos partidos na hora de definir alianças. É patético receber mensagens de petistas afirmando que a aliança com Paulo Maluf é normal. Não estamos na normalidade.

O rito sumário que tomou o poder de Fernando Lugo revela que estamos crescendo como cola de cavalo.

Lacerdinhas não gostam de ecologia, chamam os ecologistas de ecochatos, defendem com unhas e dentes os agrochatos, que veem como campões da neutralidade. Lacerdinhas acham que deve valer a lei dos mais forte. Juram que o homem nada tem a ver com mudanças climáticas. Lacerdinhas são americanófilos. Amariam se filiar ao Partido Republicano, especialmente ao Tea Party. Lacerdinhas se acham modernos, racionais e universalistas. Detestam cotas, intervenções estatais e movimentos sociais de qualquer tipo, todas essas coisas que atrapalham os poderosos e os obrigam a ter limites. Compensações públicas só para os seus. Lacerdinhas sonham com golpes na Bolívia, na Argentina, na Venezuela e até no Brasil. Ah, no Brasil!

Lacerdinhas não gostam da Comissão da Verdade. Andam cabreiros, pois torturadores começam a falar. Por quê?

Porque a mídia, depois de ter colaborado com a ditadura, resolveu finalmente escutá-los. O famoso Pablo, ligado à “Casa da Morte”, aparelho de tortura situado em Petrópolis, no Rio de Janeiro, abriu o bico.

A queda de Fernando Lugo funciona como uma prova da existência do PIG no Brasil.

Prontamente a mídia encontrou razões para justificar uma eliminação sumária sem direito de defesa. O neolacerdismo, como o velho, gosta de brincar com fogo. Quando o bicho pega, é preciso dar no pé e se esconder nalguma base militar ou num vão cheio de vassouras. A América do Sul, para consolidar a democracia, ainda precisa superar a sua doença senil, o velho lacerdismo fantasiado de novo. O lacerdismo é o câncer da mídia. Caminhamos para uma nova metástase.

Ainda vamos morrer muitas vezes desse mal.

A América Latina ainda vai morrer dezenas de vezes vítima de golpismo.

Triste sina.

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