Ladrão de mala e carteirinha
publicidade
Por favor, vai ser canalha assim na ponte que caiu. Tá louco.
A figura só pode ser sociopata, psicopata, pata que o pariu, essas coisas assim, se me faço entender, para roubar com as duas mãos e comparecer a uma manifestação contra a corrupção e soltar discurso contra a roubalheira na base do “ninguém aguenta mais”. Dobra a pena dele, vai. Além de roubar, o dito cujo deita e rola, zomba da nossa cara, tira todo mundo para otário. Um cara assim raciocina com esta linguagem: “Só tem mané nessa parada, meu irmão”. Bota safado nisso. E dizer que ninguém sabia de nada. Nem se imaginava. Só pode ser isso. Afinal, se a peça faz tudo isso e vira homem forte do governo só pode ser por inocência e ignorância do presidente. Ou alguém imagina outra coisa?
A minha conclusão é esta: o presidente não sabia de nada.
Deve estar chocado, perplexo, profundamente decepcionado, até revoltado.
Larápio assim tem direito a boneco vestido de presidiário no carnaval de Olinda e a figurinha no álbum dos maiores safados da história. Esse rouba e come com farinha. Dá até pena. O homem estava com um baita problema: como desovar a dinheirama toda sem dar na vista. Tinha de se preocupar com imensos problemas de logística. Ladrão assim merece respeito da comunidade internacional dos ladrões. É coisa de profissional. Se bem que deixou rabo e foi pego. O cara que enfia a mão no alheio, no dinheiro público, milita em partido, canta o hino nacional e jura honestidade quando apertado é, como se fala popularmente, do baralho. Um baralho sujo, imundo, baralho do poder.
Já vimos de tudo, mas coisa desse naipe impressiona. Deveria ter pedido de desculpas para o colega que o denunciou e teve de renunciar. Enfim, um cara desses é um monumento, uma estátua viva em homenagem à ladroagem. Claro que o leitor já entendeu que estou fazendo ficção. Um cara assim não existe, nunca existiu, jamais existirá. Só em filme. Qualquer semelhança com a realidade é mero exagero. Inventei tudo. Se um ladrão assim aparecer na história, o presidente da República virá a público pedir desculpas à nação por ter lhe dado altos cargos e não ter sabido que se tratava de bandido perigoso. Como se trata imaginário, inverossímil, ninguém terá de se justificar ou explicar.
No ranking dos ladrões brasileiros esse personagem de ficção lidera.