Lixeiras e temas supérfluos

Lixeiras e temas supérfluos

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Uma leitora me chama nos tentos.

Quer que eu fale das lixeiras.

Ordena que eu largue os assuntos supérfluos.

Não posso. Eu sou supérfluo.

Já falei das lixeiras.

Tudo o que posso dizer se resume a uma frase: um país que não produz suas próprias lixeiras, não é sério. Quase disse, é um lixo.

Evitei.

Por patriotismo. E amor por nossa pátria esculhambada.

Quem põe fogo em lixeiras, mesmo importadas, é um serial-killer norueguês.

Pronto. Exalei toda a minha indignação moral.

A leitora me pede para falar mal dos jovens "mal-intencionados" que "mostram suas intimidades" na Cidade Baixa , aos domingos.

Não posso.

Falaria sem fosse às segundas-feiras.

Intenções são realidade subjetivas.

Não tenho como capturá-las.

Imagino que moradores do bairro de Amy Winehouse tentam tido a mesma tentação em relação a ela.

A tentação do expurgo.

Continuarei no supérfluo: o amor, a vida, a mídia, a morte, o sentido da existência, Harry Potter, Paulo Coelho, futebol, sexo e outras tags.

Admiro quem consegue escrever vinte linhas de indignação moral sobre contêineres.

Meu talento não vai além da teoria da conspiração.

Estou com o prefeito: deve ser a máfia do lixo.

Ou, quem sabe, os fabricantes nacionais de lixeiras.

Será que dá no mesmo?

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