Marciano e a corrupção no Brasil

Marciano e a corrupção no Brasil

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Encontro o Marciano na rua.

Acabou de chegar de sua viagem interplanetária.

Parece-se muito com o Marciano anterior.

Mas me explica que é outro.

– Marcianos não são todos iguais – explica.

– Tão verdinhos – digo.

– Não pense que somos como chineses, japoneses ou coreano – retruca.

Marciano tem um jornal na mão esquerda. A manchete diz:

– Empresários querem o fim da Lava Jato.

Perplexo, Marciano exige que eu explique a situação:

– E a corrupção como fica?

– Fica – digo.

O jornal afirma que, em nome da economia, empresários criticam o Procurador-Geral da República por ter pedido a prisão de caciques do PMDB acusados de corrupção e pedem fim das investigações.

– Acreditei que o Brasil admirava a Lava Jato e queria levá-la às últimas consequências – diz.

– As coisas não costumam ser o que parecem – relativizo.

Marciano fica vermelho. Parece que vai ter um troço. Exclama:

– Este planeta não é sério!

– Planeta?

– Este país.

– Alguém já falou isso antes – informo.

– Onde fica a coerência?

– Em Marte – ironizo.

– Assim, em Marte vão achar que houve um golpe no Brasil – fulmina.

Não encontro contra-argumentos. Marciano vai embora sem se despedir.

 

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