Memórias de fim de ano
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Pensei nisso enquanto olhava as árvores da Redenção. Vi uma árvore alta, curvada, parecendo tocar o céu. Era assim que eu via as árvores quando era criança. Mastros que se aproximavam do céu e abrigavam pássaros que tinham o privilégio de beijar as nuvens.
O olhar de criança é mágico. Eu achava que, subindo nas árvores mais altas, seria pássaro e, como eles, beijaria o céu.
Na época, eu não fazia diferença entre as nuvens e o céu.
Subi em muitas árvores. Senti-me pássaro tantas vezes. Ainda bem que não tem tentei voar.
Quando pensava nisso, minha avó, atenta e implacável, gritava:
– Vai cair daí, guri. Pensa que é passarinho!?
Eu queria ser. Pensava que era.