Michel Maffesoli e David Bowie
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"É suficiente, então, escrever para aqueles que entendem meias palavras, ou, em outros termos, não demonstrar, mas mostrar. Deixar para tornar um monstro (monstrear)1 o que pode dar medo, porque é o que se deve fazer. Ter a coragem de mostrar, a exemplo do video clipe College Boy, da Indochina, fenômenos sociais que não podem ser negados, dos quais, às vezes, somos os responsáveis inconscientes. Não é a mesma coisa que David Bowie nos propõe com seu clip The Next Day? A violência tornada monstruosidade (monstrée) permite uma catarse coletiva e assim limita nela os efeitos perversos. Eis o que deve levar a pensar sem consideração pelos preconceitos, sejam eles quais forem. Divertir-se arrancando o véu de Maya, o da ilusão própria do conformismo dos clichês, a única atitude capaz de interromper a sonolenta rotina filosófica do pensamento estabelecido; a única atitude que favorece esta “revolta das palavras e das ideias”2 que acompanha a efervescência da vida vivida; a única atitude, enfim, que permite ouvir o grito que a sociedade oficiosa lança a uma sociedade oficial mal posicionada. Grito de revolta contra o que morre demasiado lentamente e contra esses mortos-vivos que infestam os caminhos da vida!".
Eis o intelectual que não se conforma com o trivial e, com ajuda dos artistas, mostra o mundo como ele é.
