Mlodinow no Fórum Instituto Unimed-RS

Mlodinow no Fórum Instituto Unimed-RS

Autor de best-sellers falará do pensamento elástico

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O principal palestrante do 10º Fórum Instituto Unimed-RS, que acontecerá hoje no teatro São Pedro, é o neurocientista norte-americano Leonard Mlodinow. Li, por sugestão e presente do Dr. Alcides Stumpf, dois livros dele: “Subliminar” e “Elástico, como o pensamento flexível pode mudar nossas vidas”. Com linguagem simples, Mlodinow faz divulgação científica. Escreve para ser entendido. Em “Elástico”, mostra, do ponto de vista do funcionamento cerebral, o que grandes romancistas e cientistas sociais sabem por interpretação dos homens em ato: animais e computadores funcionam por roteirização; seres humanos, não. Uma frase dele diz tudo: computadores não criam teorias. Nem obras de arte originais. Reposicionam.

      O que define o homem? O pensamento flexível. O escanteio cobrado por Arnold, jogador do Liverpool, que resultou no quarto gol e na virada histórica dos ingleses sobre o Barcelona, é um exemplo dessa elasticidade criativa. A cobrança não devia ter sido feita por ele. No futebol moderno, tudo é roteirizado. Os jogadores devem ser peças executando os planos do treinador. Arnold viu a defesa adversária distraída e um companheiro livre. Recuou um passo e fez o que não estava programado. Improvisou. Um comentarista brasileiro de sucesso, acostumado à ideia da roteirização, ficou desesperado. Só lhe ocorria que a jogada tivesse saído treinada.

      Mlodinow cobra o escanteio inesperado: “Quando falamos sobre os triunfos do intelecto, tendemos a nos concentrar no brilho do pensamento analítico, o tipo de pensamento produzido pelo poder da lógica. Mas raramente consideramos a contribuição resultante de repensarmos a estrutura em que nossos pensamentos ocorrem, os termos com que nossa mente define a questão a ser considerada. Isso é produto do pensamento flexível, uma tarefa que exige aquela capacidade esponjosa chamada ‘julgamento’. É difícil automatizar novas representações, e a maioria dos animais tem problemas em fazer isso, mas essa costuma ser a chave para saber como solucionar problemas no mundo humano”. A grande arte não é calculada.

      Mesmo as grandes ideias dos cientistas surgem de insights, nome que se dá à intuição para que ela pareça mais científica. Quanto mais o cérebro está exposto à efervescência dos estímulos externos, mais pode ter lampejos geniais. Um sociólogo com alma de poeta e insights de neurocientista diz tudo isso há muito tempo: Edgar Morin. Outro, mais jovem, Michel Maffesoli, explora os mesmos desvios criativos. Como ambos saem dos trilhos convencionais, provocam desconfiança. Pensar fora da caixa não se resume a refletir em pé ou com ajuda de gadgets tecnológicos.

       “O problema de produzir pensamento flexível em computadores é que, apesar de os computadores evoluírem para fazer cálculos cada vez mais depressa, isso não se traduziu em um processamento cada vez mais flexível (...) Em tarefas ou procedimentos que seguem regras explícitas e facilmente codificadas têm se mostrado fantasticamente amenos para a automação, o que não acontece com tarefas que envolvam o pensamento flexível em geral”. O homem continua mais inteligente. Inventou o computador, que nem cogita inventar um homem. Mlodinow fala às 16 horas.

     


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