Nepotismo e número excessivo de políticos

Nepotismo e número excessivo de políticos

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Desde os gregos que a comparação é um exercício de civilização.

Estou em Paris como professor visitante na Sorbonne.

Atualizo comparações.

O cego ideológico só vê a corrupção do adversário.

O deslumbrado idealiza o estrangeiro.

Toda a corrupção deve ser denunciada.

O sistema em que se insere deve ser explicitado.

Muita gente acha que tem senador demais no Brasil.

São 81 senadores e 513 deputados numa população de 200 milhões de habitantes.

A França tem pouco mais de 65 milhões de habitantes e 348 senadores e 577 deputados.

Os senadores são eleitos pelos chamados "grandes eleitores" – prefeitos e outros privilegiados – por seis anos.

Um senador ganha mais de 13 mil euros por mês e ainda pode acumular outro mandato.

Viaja em primeira classe na SNCF sem pagar. Tem cinco linhas telefônicas gratuitas e verba para contratar assessores.

O mesmo vale para os deputados, que ganham mais de 12 mil euros por mês.

Não existe lei contra o nepotismo. Senadores e deputados contratam seus parentes.

Quando questionados, respondem furiosamente:

– Não existe nada mais importante na França com o que se preocupar?

Ou, como certos juízes faziam no Brasil, falam cinicamente:

– São cargos de confiança.  Ninguém mais confiável do que meu filho.

É impossível divulgar todos os dados referentes aos ganhos dos agentes públicos.

Uma lei de transparência, como a brasileira, é considerada inconstitucional por atentar contra o direito à privacidade.

Só na Europa mesmo.

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