No meio da eterna crise brasileira
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Já pensei assim quando estourou o mensalão: Lulla (fui o primeiro a usar essa grafia) é irmão de Collor.
Passou o tempo e vi a vida de muito brasileiro pobre melhorar. Então, num exercício de humildade difícil, pensei: o chamado de analfabeto Lula está dando um baile nos doutores.
Vieram os novos escândalos e pensei (sei que é proibido falar assim): tem sacanagem nessa história. Os caras roubam milhões desde sempre e Lula vai ser condenado por um apartamento do qual não dispõe e que nunca usou. Ou por um sítio que não passa de merreca perto dos milhões desviados por outros.
Ouço a resposta estratégica: um erro não permite outros.
Aí, penso: a corrupção de Temer não leva gente de verde-amarelo às ruas. Tem algo errado nisso.
Num dia, vejo Sérgio Moro como herói. No outro, como um juiz seletivo.
Num dia, digo: o petismo é tão corrupto como os outros.
Noutro dia, digo: vivemos no rouba e não faz ou no rouba, mas faz. Para quem?
Hoje, li que a polícia livrou a cara de caciques do PMDB dizendo que eles não cometeram crimes, só manifestaram intenções. Mas a intenção do Lula é prova de crime no triplex.
Li também que o carequinha Marcos Valério na sua delação tardia vai atingir FHC, Aécio e Lula usando dezenas de denúncias antes rejeitadas pela Procuradoria-Geral do Estado e pelo MP de Minas Gerais.
Por quê? Por que atingiam FHC e Aécio?
O meu senso ético me cobra firmeza e tratamento igual para todos.
O meu senso prático me cobra capacidade de enxergar na falta de ética que domina o Brasil.
Num dia, concluo: as panelas não batiam contra a corrupção, mas contra o "comunismo".
Contra o Bolsa-Família.
Noutro dia, exalto: se o MP e a justiça não endurecerem, a política brasileira nunca mudará.
Quem que ela mude?
As reformas em curso só favorecem a turma dos camarotes.
Os donos do poder continuam inabaláveis.
Leio que o julgamento de Eduardo Azeredo, do chamado mensalão tucano, está marcado para dia 22 de agosto. Tenho um instante de otimismo: será que, enfim, todos serão iguais perante a lei?
Sou um homem comum: me contradigo sim, pois minha mente nunca congela.