Nunca houve tanto oportunismo

Nunca houve tanto oportunismo

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Nunca na história deste país houve um governo tão oportunista quanto o de Michel Temer.

Doze razões:

  1. Se Michel Temer foi eleito com Dilma pelos eleitores que votaram na chapa formada pelos dois, deveria aplicar o programa aprovado nas urnas; se não o faz, comete estelionato eleitoral;

  2. Se foi eleito com Dilma, não poderia ter conspirado para derrubá-la;

  3. Se defendeu o impeachment em nome do combate à corrupção, deveria afastar seus ministros citados na Lava Jato;

  4. Se assumiu a presidência sem ter submetido um programa próprio aos eleitores, não poderia, pelo atalho, propor reformas neoliberais radicais que arrancam direitos dos trabalhadores;

  5. A reforma da Previdência de Temer é tão absurda, injusta e assassina que levará uma mulher nascida em outubro de 1972 a se aposentar 15 anos depois de uma mulher nascida em janeiro do mesmo ano, com a mesma profissão e o mesmo tempo de contribuição;

  6. A terceirização aprovada garante, segundo o governo e os empresários embevecidos, segurança jurídica: significa que a justiça do trabalho não poderá mais dar acolhida e ganho de causa para trabalhadores surrupiados em seus direitos fundamentais;

  7. Se Temer acusa o PT de ter quebrado o país, ele vai quebrar a sociedade em nome dos interesses das velhas elites. Uma das suas medidas mais arrojadas foi acabar com o programa Ciência sem Fronteiras. A partir de agora só os ricos voltarão a poder fazer uma graduação no exterior;

  8. Com a pressa de quem se apossou do poder indevidamente, sabendo que não o obteria nas urnas, Temer trata de fazer as reformas dos sonhos do mercado e da mídia em tempo recorde; a ocasião faz o reformista, não há tempo a perder, as eleições se aproximam, a oportunidade vai expirar;

  9. Como pilota uma agenda atrasada Temer precisa insistir que se trata de modernização. Para isso conta com a propaganda da mídia amiga, que esconde a insatisfação popular e infla os supostos progressos do governo, especialmente a desmontagem do pequeno Estado de Bem Estar Social;

  10. Associado aos ministros mais retrógrados do STF, como Gilmar Mendes, Michel Temer se mantém no governo na medida em que atende aos interesses da elite que o sustenta; quanto mais retira direitos sociais, mais se torna estável no governo contrariando sua impopularidade crescente;

  11. O oportunismo de Temer e seus aliados se expressa também na busca de uma forma de estancar a sangria da Lava Jato depois que ela cumpriu a meta de expulsar o petismo do poder; ainda falta prender Lula e torná-lo inelegível; o efeito colateral é que os delatores citam aliados como Aécio Neves obrigando até mesmo a mídia amiga, como a revista Veja, a dar cobertura;

  12. O oportunismo de Temer, como todo oportunismo, tem pressa e tempo de validade pois lhe falta o elemento fundamental de um governo: legitimidade. Algo que só as urnas dão.


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