O escândalo da espionagem nos EUA

O escândalo da espionagem nos EUA

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O que se pode dizer de um país que mantém uma agência de espionagem mais secreta que a agência secreta de inteligência oficial?

O Brasil teve, durante a ditadura de 1964, o SIGMA, um organismo de espionagem secreto funcionando em paralelo ao SNI.

Era a arapongagem da arapongagem.

Segundo o uruguaio Mario Neira Barreiro, o SIGMA serviu para, entre outras ações muito secretas, ajudar a matar o ex-presidente João Goulart.

Neira afirma ter pertencido ao GAMMA, um serviço secreto paralelo ao serviço secreto uruguaio, que teria sido parceiro do SIGMA na eliminação de Jango.

Enfim, normal na vida de uma ditadura.

Os Estados Unidos da América, por mais que os ignorantes, os cegos ideológicos, os néscios, os deslumbrados e os ridículos tentem justificar como algo normal no combate ao inimigo externo – justificativa tradicional para os abusos de poder – têm uma estrutura paralela de espionagem.


O jornal inglês "The Guardian" e os americanos "The New York Times" e "Washington Post" bombardearam essa arapongagem nos últimos dias.


Não se trata de mera exploração política de republicanos contra democratas, embora o governo tenha mandado monitorar transações financeiras do Tea Party, a ala extrema dos extremistas republicanos. É mais do que isso.


A direita brasileira está enlouquecida. Feliz, por um lado, por ver Barack Obama, que associa a Lula por preconceito ou por vê-lo como um esquerdista, enrolado. Por outro lado, está enfurecida com as críticas aos sacrossanto país da democracia total e da liberdade de expressão absoluta. Não quer admitir que os americanos adotam práticas de república bananeira. Uma saia justa.


A Folha de S. Paulo traz, na edição de hoje, dados desconcertantes sobre a estrutura paralela de arapongagem bananeira dos Estados Unidos. O problema de Obama é que ele tinha prometido não dar continuidade às espionagens de Bush. Não só deu prosseguimento a elas como tem defendido os métodos.


Cometeu uma frase histórica: os telefones são grampeados, mas ninguém escuta as conversas. Papai Noel e Coelhinho da Páscoa acreditaram.


Para quem não tem acesso à Folha de S. Paulo: "A existência da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA só foi revelada mais de 20 anos após sua criação, em 1952; sua estrutura e suas atividades continuam em grande medida desconhecidas até hoje. Vem daí seu apelido irônico: No Such Agency ("não existe tal agência"). De todos os serviços de inteligência dos EUA, a NSA, acusada de monitorar telefonemas e sites, é o mais oculto e se orgulha do menor número de vazamentos.

Quantas pessoas emprega? Essa informação é confidencial. Quantos são seus alvos? A NSA diz a parlamentares dos EUA que não tem as ferramentas necessárias para fornecer números desse tipo.

Quando Harry Truman criou a NSA, o objetivo era monitorar comunicações fora do país. A questão que intriga e indigna políticos e organizações de direitos civis desde que o Senado anunciou sua existência, em 1975, é até que ponto sua sede de dados já abarcou os americanos.

À medida que a tecnologia evoluiu, cresceu a capacidade da agência de interceptar comunicações. Satélites interceptam ligações e e-mails e transmitem a informação a estações receptoras em terra.

Segundo estimativas, cada uma dessas bases recebe por dia cerca de 1 bilhão de e-mails, telefonemas e outras formas de correspondência. E a agência tem até 20 bases.

A espionagem doméstica explodiu após 11 de setembro de 2001, quando o presidente George W. Bush autorizou a NSA a submeter americanos a escuta eletrônica sem autorização judicial prévia."

Fidel Castro não faria melhor.

Nem pior.

Por falta de meios tecnológicos.

Toda defesa disso é estupidez ideológica.

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