O golpe em preparação

O golpe em preparação

Governistas anunciam ruptura institucional

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      O Brasil marcha à beira do abismo institucional. No Esfera Pública, da Rádio Guaíba, Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB e mais novo pilar do governo Bolsonaro, defendeu a destituição dos onze ministros do STF por ação das Forças Armadas a pedido do presidente da República. Nada mais do que isso.

A Polícia Federal está dividida. Tem a PF de Jair Bolsonaro que, por mera coincidência, depois de demitido Sérgio Moro e trocado o superintendente do Rio de Janeiro, deflagrou operação contra o governador Wilson Witzel, inimigo do presidente da República. E tem a PF do Supremo Tribunal Federal que detonou operação, por coincidência, contra os acusados de financiar fake news bolsonaristas. A guerra é total. Bolsonaro avisou que poderá partir para o descumprimento de alguma decisão judicial. O general Heleno alertou, falando do pedido de apreensão do celular de Bolsonaro, que a medida poderá ter “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”. Precisa desenhar ou fica claro que o militar ameaça com um golpe fardado?

      Jair Bolsonaro quer evitar que o seu ministro Abraham Weintraub tenha de depor, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes, sobre sua impressionante declaração na famosa reunião ministerial de 22 de abril clamando pela prisão dos “vagabundos” do STF. O capitão sabe que seu soldado Weintraub é um barril de pólvora. Se for apertado, o estrago pode ser grande. O presidente da República também não quer que seu braço direito, o “neutro” Heleno, tenha de dar esclarecimentos sobre sua nota golpista. O inquérito do STF sobre as fake news é considerado inconstitucional por não ter partido do Ministério Público. O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, quer o arquivamento da investigação, embora até os arbustos de Brasília saibam que tem disseminação de notícias falsas e quem paga a conta dos pacotes.

      Se alguém acha que a possibilidade de ruptura (nome mais sofisticado para o velho golpe, que antes usava tanque nas ruas e agora não se sabe como será) é teoria da conspiração, Eduardo Bolsonaro, o filho que queria ser embaixador nos Estados Unidos com sua experiência de fritar hambúrguer, acaba com qualquer dúvida: “Eu até entendo quem tenha uma postura mais moderada, vamos dizer, para não tentar chegar em um momento de ruptura, um momento de cisão ainda maior, um conflito ainda maior. Eu entendo essas pessoas que querem evitar esse momento de caos, mas, falando bem abertamente, opinião do Eduardo Bolsonaro, não é mais uma opinião de se, mas de quando isso vai ocorrer”. Pelo jeito, só falta escolher a data e o cabo e o soldado que irão fechar o STF.

      No twitter, o presidente Bolsonaro disse que “algo de muito grave está acontecendo com nossa democracia”. Mas ele não se referia ao pedido de prisão de governadores por sua ministra Damares Alves nem ao desejo de encarceramento dos magistrados da suprema corte expresso por seu intrépido escudeiro Weintraub. Falava das medidas contra os ataques às instituições de parte de parlamentares, empresários e militantes e contra a divulgação como notícia de fatos que não aconteceram. Tudo muda rapidamente. Houve um tempo em que se criticava o financiamento de “blogues sujos” com grana pública. Hoje, o Banco do Brasil é acusado de bancar blogues que espalham fake news. Bolsonaro bateu na mesa: “Não teremos mais um dia como ontem [quarta]. Acabou, p...”

O que fará?

O golpe está a caminho?

Está vindo, ao menos, no grito.

 


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