O Ilustríssimo método da Folha de S. Paulo
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É um jornal que não para de mudar.
Já teve grandes suplementos culturais.
Evolui para trás. É uma arte.
Curto a Folha. Ela não para de piorar.
É uma façanha.
A Folha já teve o caderno Folhetim e o Mais!
Hoje, tem o Ilustríssima, disparado o seu pior caderno cultural.
O melhor da Folha é o seu método.
A Veja bota na lista negra. Não fala.
Ou dá pau.
A Folha é sofisticada. Chupa e dá uma linha.
Estou feliz. Tive uma linha Folha de hoje sobre a Legalidade.
Logo uma informação sobre o Hino da Legalidade que só eu e a torcida dos 20 clubes do Brasileirão poderiam dar.
Isso tudo depois de uma matéria que parece seguir passo a passo a estrutura do meu livro.
A Folha é ilustríssima.
Não perde a elegância.
Dá a cada um o destaque que merece.
Já tive a minha linha pelo melhor que fiz.
Informei ao mundo que Legalidade teve um hino composto por Lara de Lemos e Paulo Cesar Pereio.
É por isso que sou assinante do UOL.
Não posso perder essas pérolas.
Fico espantado com a precisão dos jornalistas que conseguem captar o essencial da minha obra.
Poucas vezes alguém apanhou com tamanha fineza o que eu disse com maior profundidade.
Em outros tempos, fui colaborador da Folha de S. Paulo em Paris.
Fazia entrevistas com intelectuais. Graças a essa relação, pude aprender muito sobre os métodos da Folha. Nos 30 anos de maio de 1968, pediram-me que entrevistasse Edgar Morin para que ele dissesse que maio de 1968 fracassara.
Era a tese a ser defendida.
O único problema era que Morin pensava o contrário.
A minha tarefa era arrancar-lhe uma declaração oposta ao seu pensamento.
Falhei clamorosamente.
Como pesquisador e historiador, estou indo melhor.
Chegarei, um dia, a duas linhas.
Avancei bastante.
Um fragmento da Ilustríssima matéria da Folha:"
"A RENÚNCIA DE JÂNIO Quadros, em 25 de agosto de 1961, deixa o país perplexo. João Goulart, o vice-presidente eleito, está em viagem oficial à China. Os militares não aceitam a posse do vice e anunciam que prenderiam Goulart quando desembarcasse no Brasil. O golpe está armado.
Em Porto Alegre, o governador Leonel Brizola (1922-2004) resolve resistir. Com metralhadora e microfone em mãos, passa a transmitir pelo rádio discursos contra os golpistas e pela legalidade da posse de Jango. O comandante do 3º Exército, do Sul, recebe ordem para bombardear o Palácio Piratini -e não a cumpre.
Uma multidão vai para a praça da Matriz, onde fica a sede do governo estadual. Estudantes arrancam bancos de cimento e fazem barricadas. Sargentos se rebelam. Armas são distribuídas a voluntários civis. O Exército no Sul apoia a campanha. O golpe é contido -ou, melhor, adiado.
Jango volta e toma posse em 7 de setembro, sob um recém-implantado parlamentarismo".
A parte que me toca:
" Em "Vozes da Legalidade" [Sulina, 2011, Juremir Machado da Silva mostra que a campanha até hino teve, composto "no improviso, no calor do combate" pelo ator Paulo César Pereio e pela escritora Lara de Lemos, com melodia que misturava a Marselhesa e o hino brasileiro".