O melhor livro sobre o mensalão do PT
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Em "Da virtude da fala ao silêncio da palavra: estratégias comunicacionais do PT no caso do mensalão", publicado pela editora da Universidade Tuiuti do Paraná, onde ele leciona no Programa de Pós-Graduação em Comunicação, é uma radiografia do mais espetacularizado caso de corrupção depois do escândalo que derrubou Fernando Collor.
O livro apresenta uma amostragem contudente do veneno que se voltou contra o PT. São trechos de 25 textos escritos por petistas, na sua fase oposicionista e ascendente, contra tudo e todos, espancando quem estivesse na situação com golpes mortais.
É a famosa arrogância petista, a etapa da vestal ética, do partido dono da verdade, do pregador de sermões, do fiscal da moral e dos costumes, enfim, do PT incontestável.
Num desses textos, Sérgio Amadeu da Silveira, assessor do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo, ataca com a tradicional verve estrelada: "Comecei a escrever este artigo dia após o presidente Sarney presentear o deputado Matheus Iensen com uma TV novinha, fruto da sua fidelidade canina ao mandato presidencial de cinco anos".
Uau!
Viriam os saques petistas no Banco Rural, a caneta Mont Blanc de João Paulo e tantos presentes por fidelidade canina ao poder, ao projeto, à causa. O PT iria à lona por ter feito crer que era diferente, tendo, depois, para safar-se, de dizer que era como todo mundo, como os demais, um simples praticante do caixa dois e das alianças desconjuntadas e ideologicamente absurdas.
Noutro texto da fase purista e mitológica, o deputado João Paulo Cunha, esse mesmo cuja condenação por lavagem de dinheiro já foi pedida pelo ministro Joaquim Barbosa, pavoneia-se feito um ganso novo cheia de onda e de bossa: "Principalmente o PT, cuja imagem de incorruptível é reconhecida até pelos inimigos, tem investido fundo nas denúncias de malversação dos recursos públicos e tem fustigado a impunidade habitual dos criminosos de colarinho branco".
João Paulo, seguindo esse seu raciocínio, deve concordar agora com a sua condenação.
Sem ranço ideológico nem antipetismo, Larangeira disseca as estratégias comunicacionais petistas na casca, a revista Teoria e Debate. O resultado é um catálogo de contradições, um atoleiro de silêncios comprometedores cada vez maiores.
Não direi tudo.
Não teria como.
Nem saberia.
É só ler o livro.
Atenção aos lacerdinhas: Larangeira não faz parte da turma reacionária e doentiamente ideológica formada por Reinaldo Azevedo e seus camaradas. É só um intelectualmente analisando implacavelmente o discurso de um partido.