O que vai querer o eleitor em 2022?

O que vai querer o eleitor em 2022?

Emprego, comida na mesa, saúde e segurança

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      Afinal, o que querem os brasileiros? Melhor, o que eles vão querer em 2022? Mais ainda, o que esperam que os candidatos à presidência da República lhes ofereçam? A resposta parece simples: emprego, comida na mesa, inflação baixa e segurança. O eleitor é um ser curioso. Pode votar por impulso, ser levado pela emoção, mas o que deseja é racional: resultado. No fundo, é um interesseiro. Quer o melhor para si. Ao menos, aquilo que julga ser o melhor. Não é fácil se enganar quando o melhor é ter fartura, salário no fim do mês, inflação baixa, saúde e segurança.

      O eleitor não costuma ler os programas dos candidatos. Alguns até copiam programas de outros. Mesmo assim, as propostas que contam acabam conhecidas. Pode-se falar muito em ideologia e em questões abstratas. Na boca da urna, se me entendem, o votante prefere aquele que acredita poder lhe dar o retorno mais imediato. Uns querem pagar menos impostos; outros, ver a taxa de juros mais baixa; outros, enfim, buscam um Estado menor ou maior, a gosto do freguês. O personalismo, porém, tende a prevalecer. Primeiro o sujeito se candidata. Depois, busca um programa.

      O eleitor tem a sua sabedoria, que nem sempre dá certo. Duas são as suas características mais marcantes: votar por interesse ou por punição. Há no mundo uma tendência antissistema, que se expressa pelas linhas que encontra, tortas, muitas vezes. É como se o eleitor dissesse: são sempre os mesmos, moderados numa hora, radicalizados em outra. Em qualquer situação, porém, concentrados nos próprios interesses. O que o eleitor não sabe, às vezes, é que a antipolítica também é política. Alguém veste o figurino, calibra o discurso e colhe a insatisfação. O Chile, depois da ditadura Pinochet, alternou moderados no poder. Mesmo assim a tendência antissistema cresceu na base do “eles se parecem”.

      A grande utopia, em tempos de desaparecimento das utopias, passou a ser a transparência e o interesse público. Dá para imaginar políticos comprometidos antes de tudo com o interesse dos eleitores e adotando comportamentos transparentes? O Supremo Tribunal Federal mandou o parlamento revelar os políticos beneficiários, ou intermediários, das verbas do tal orçamento secreto. Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, contudo, desobedeceram dizendo que não era factível fornecer essa informação. A palavra factível, pouca usada de fato, soa como uma imensa dificuldade. Chega quase a convencer dessa impossibilidade. Talvez fosse o caso de chamar um gramático para eliminar qualquer dúvida. Palavras tem peso. Não são meras combinações.

      O que quer, então, o brasileiro? Depende de qual brasileiro. No conjunto, o brasileiro quer plantar e colher. Candidatos que queiram ter êxito precisam ter ideias claras sobre o que dirão aos eleitores. Uns falam bonito, mas não vão direto ao ponto. Outros, focam mais em abstrações. Cada eleição põe em destaque alguma necessidade, até mesmo de satisfação ideológica. Em 2022, ao que tudo indica, será pão, pão, queijo, queijo. Claro, alguns preferem iguarias mais sofisticadas.

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      O CPERS visitou escolas estaduais em setenta município. Há muitos colégios em estado deplorável. É como um doente sem direito a socorro.


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