Operação Zelites e Rede Baita Sol

Operação Zelites e Rede Baita Sol

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A Rede Baita Sol (RBS) é um colosso de Palomas.

Um colosso, cada vez mais, com os pés de barro. Melhor, com os pés na lama. A característica principal da Rede Baita Sol, dona da Rádio Gaudéria e dos jornais Meia-Noite e Diário Gaudério, é o egocentrismo. Até o astro-rei teria nascido só para ela. Diante de qualquer tentativa de compartilhamento do seu brilho, medidas são tomadas. O princípio é simples: tudo deve ser da Rede Baita Sol. Em todas as feiras, ela deve ter o maior estande. Até de ciclo de palestras ela se adona. Não tem fronteiras. Se não pode conseguir o que quer pelo caminho reto, pega o atalho. A sua filosofia se resume a quem paga, recebe.

Na Rede Baita Sol, por óbvio, só as aparências contam. Mas as aparências enganam.

E como enganam!

O escritor francês Balzac dizia que em jornalismo o verossímil é sempre verdadeiro. Se um político é acusado de corrupção, algo muito verossímil, só pode ser verdade. A Rede Baita Sol sempre aplica esse princípio. O suspeito é sempre culpado. Na maior parte das vezes, até acerta. Afinal, Palomas fica no Brasil. O problema é que foi deflagrada em todo território palomenses a Operação Zelites, que está botando para fora os podres das elites brancas, aquelas que combatem a corrupção dos partidos ou de certos partidos, aliviando outros, mas não gostam de pagar multas de trânsito por infrações cometidas e aceitam pagar para propina para não ter de desembolsar tudo o que devem de impostos à Receita Federal. Um furo.

A Rede Baita Sol está sendo investigada porque teria pago R$ 15 milhões de propina para economizar mais R$ 135 milhões devidos ao fisco. Baita negócio. Assim sobra mais para investir na conquista da audiência e bancar megacoberturas. É um método indiscutivelmente astuto. Enquanto os lerdos pagam impostos, a Rede Baita Sol daria o drible da vaca no Estado que, além de tudo, ela considera pesado, ineficiente, ultrapassado e, nos últimos anos, controlado por uma quadrilha de achacadores e negociantes de propinas. A Baita Sol não está só. Outra empresa de Palomas caiu na rede da Zelites: a Gordau, que teria tentado deixar de pagar mais de um bilhão de reais aos cofres públicos.

Quebrar vitrine de banco é vandalismo. Sonegar fortunas em impostos é estratégia.

Palomas está atônita. Depois de décadas apontando o dedo para todos, altiva e implacável, a Rede Baita Sol caiu na vala comum. Aí, na mesma hora, descobriu a presunção de inocência. Quando um partido é suspeito de corrupção, eu acredito na denúncia. Qualquer partido. Quando um político é acusado de malfeito, eu acredito na acusação. Por coerência, creio piamente que a Rede Baita Sol tem culpa no cartório. Possa estar errado. Se for o caso, darei, como faz a Rede Baita Sol, uma linha, em corpo minúsculo, de explicação. Estou com a Rede Baita Sol: na acusação, manchete de capa. Na correção, um erramos invisível. A RBS tem-se por dona de Palomas. Sempre que pode, emplaca um governo de “modernização”.

Modernizar para a RBS é gastar menos fornecendo menos serviços para a sociedade.

Palomas assistiu estupefata, no Jornal da Nação, da Rede Planeta, a Rede Baita Sol aparecer no noticiário policial.

Essa Operação Zelites não respeita ninguém.

Nem a mídia.

Tem até musiquinha:

"Meu limão, meu limoeiro/

Meu pé de jacarandá/

Uma vez, Zelites, skindô lelê/

Outra vez, Zelotes, skindô lalá".

 

 

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