Os dados do quadro eleitoral estão lançados

Os dados do quadro eleitoral estão lançados

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A Copa do Mundo vai atrasar um pouco a disputa eleitoral. O essencial, porém, já parece definido: de um lado, o PT de Dilma Rousseff, com suas políticas sociais, ou, conforme os opositores, assistencialistas e eleitoreiras, e do outro Aécio Neves, mais pela direita, e Eduardo Campos, mais pelo centro, com uma leve inclinação para a direita ou para a esquerda de acordo com as necessidades. Do ponto de vista da economia, Aécio e Eduardo vão dançar a mesma música, a do controle das contas públicas e a do arrocho organizador.

O PT lembra o pato da célebre canção: tantas fez o moço que foi para a panela. A lambança da Petrobrás-Pasadena é caso de escola. Nunca na história deste país se viu uma derrapagem dessa dimensão. Nos últimos tempos, a oposição tem parecido mais competente no trabalho de sangramento do governo. Lembra até o petismo da era Collor. Por mais que Eduardo Campos se apresente como terceira via, na eterna tentativa de acabar com a polarização entre PT e PSDB, mera atualização da luta entre PTB e UDN, ele será mais um PSDB do B com alguns traços esquerdizantes herdados da convivência com o petismo.

Na origem, o PSDB também se via como um partido de centro-esquerda. As disputas eleitorais empurraram-no mais para a direita. O PSB, como seu nome indica, carrega o socialismo no coração. Esse é o Brasil: no Partido da Social Democracia Brasileira não tem social-democracia. No Partido Socialista Brasileiro tem, na melhor das hipóteses, uma inspiração social-democrata. Nada de anormal. É assim com qualquer partido socialista europeu. No Partido dos Trabalhadores, não se deve esquecer, havia marxismo, trabalhismo, social-democracia, doutrina social-cristã, socialismo e muito mais. O que sobrou? Segundo Lula, o dinheiro torna o PT um partido normal.

O que é normal na política brasileira? O pragmatismo. Um olho na urna, outro olho nos cargos. Nestas alturas do campeonato, especialistas e jogadores (tem cientista político que diria “players” para dar um “upgrade” nas figurinhas) tentam enxergar o segundo turno. Se der Dilma contra Aécio, os eleitores de Eduardo Campos e, principalmente, os de Marina Silva correm para a candidata do PT. Se der Dilma contra Eduardo Campos, os eleitores de Aécio correm para o candidato socialista pernambucano. Conclusão paradoxal: o melhor para os tucanos seria “cristianizar” Aécio. Em 1950, o PSD concorreu à presidência da República com o mineiro Cristiano Machado. Boa parte dos eleitores do partido preferiram, no entanto, votar em Getúlio Vargas, candidato do PTB. Surgia o suave verbo “cristianizar”.

O principal problema do petismo no governo é a chamada “fadiga dos metais”, ampliada pela mídia que, embora bem servida pelas incontornáveis verbas publicitárias oficiais, tem seus gostos, ideologias e caprichos. Depois de 12 anos, a relação se desgasta e não há discussão que resolva. Os parceiros sentem falta de novidade e de outras emoções. A vaidade de Lula parece sob controle. Ele vai se guardar para 2018. A bola por algum tempo ficará é com o Felipão.

 

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