Os sete erros de Fernandão no Gre-Nal

Os sete erros de Fernandão no Gre-Nal

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A verdade precisa ser dita com a imparcialidade de um torcedor apaixonado. O Gre-Nal comprovou o que um espírito altamente especializado em futebol como o meu já vinha dizendo: o abismo está diante do Inter e vai acabar por engoli-lo.

O primeiro turno foi um fracasso.

Fernandão voltou, como na última rodada, a cometer sete erros, sete trágicos erros, sete falhas capitais, sete pecados mortais.

O Inter chega ao final da primeira etapa da competição 12 pontos atrás do líder, podendo chegar a 15, pois os mineiros têm um jogo a menos, contra o Flamengo, 11 pontos atrás do vice, o Flumimnense, seis pontos atrás do Grêmio, que está na na zona da Libertadores, tem treinador e um time redondinho, azeitado, encaixado, babando na peiteira e eficiente.

O estrategista competente, ensinou Sun-Tzu, em "A arte da guerra", deve evitar a precipitação, a hesitação, a irascibilidade, a preocupação com as aparências e a excessiva complacência. São quase todos os defeitos de Fernandão. Segundo o mestre, “a primeira batalha que devemos travar é contra nós mesmos”. Esse combate Fernandão perdeu por antecipação. No Gre-Nal, praticou amplamente a precipitação, a hesitação, a preocupação com as aparências e a complacência excessiva.

A irascibilidade virá com o tempo nas entrevistas.

Aí é que mora o perigo.

Diz o mestre em relação ao inimigo: “Não percas nenhuma ocasião de importuná-lo. Faz com que ele pereça à míngua. Encontra meios para irritá-lo”. O Inter falhou totalmente nesse quesito. Forlán teve a bola do empate e só conseguiu irritar a torcida do Inter. Errou feio. Era um lance fácil. A obrigação era botar para dentro com muita categoria.

Em certos casos, o silêncio é a arma mais eficaz. Em outros, diz Sun-Tzu, o ataque frontal.: “Trata bem os prisioneiros, alimenta-os como se fossem teus próprios soldados. Na medida do possível, faz com que se sintam melhor sob tua égide do que em seu próprio campo”. Ninguém se sente melhor sendo torturado ou executado. Humilhar não significa carnear.

O Inter não humilhou nem carneou. Foi carneado.

Sun-Tzu poderia ganhar muito dinheiro, se vivesse hoje, como guru de treinador de futebol ou comentarista de resultados. Ganharia o lugar de Fernandão com muita facilidade. Enfrentaria, porém, o ódio dos retranqueiros que se percebem como estrategos muito sofisticados: “A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque”. O defensivismo é sinal de fraqueza: “Quem se defende mostra que a sua força é insuficiente; quem ataca mostra que é abundante”. O resto é explicação para derrota: “A arte  de manter-se na defensiva não iguala a de combater com sucesso”.

Os sete erros de Fernandão no Gre-Nal.

1) Ter entrado com Kleber improvisado no meio-campo deixando Dagoberto no banco (precipitação).

2) Ter colocado Índio no banco em vez de Bolívar, que não comprometeu, mas não merecia mais do que o zagueiro goleador. A escolha revela um aspecto negativo de Fernandão, o panelismo, o favorecimento aos velhos amigos (excessiva complacência).

3) Ter deixado Dátolo, apesar de não estar em perfeita forma física, no banco (hesitação).

4) Não ter trocado já no intervalo (preocupação com as aparências)

5) Não ter convicção. É daqueles que para defender empilha volantes e, para atacar, empilha atacantes. Não mantém o equilíbrio. Vacila, muda radicalmente, não sabe exatamente o que quer fazer, desespera-se, faz como um diletante (hesitação, preocupação com as aparências e precipitação).

6) Não ter vencido o jogo (ineficácia).

7) Ter aceito ser técnico do Inter sem ter qualquer experiência no ramo (precipitação)

O campeonato brasileiro para o Inter, em termos de título, está morto.

Dificilmente disputará vaga para a Libertadores.

Mais um ano perdido.

A falha maior é da direção colorado, que cometeu, ao escolher Ferrnandão o erro estratégico da precipitação.

O Inter não defende nem ataca, não fustiga nem humilha.

Afunda.

Enquanto isso, o craque do primeiro turno é o exuberante Ronaldinho.

R10 está jogando muito.

Dá gosto ver.

Contra o cruzeiro, fez golaço.

Que diferença faz um fora de série numa equipe.

Como R10, vi poucos na vida.

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