Os sete erros do Fernandão como técnico do Inter

Os sete erros do Fernandão como técnico do Inter

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1) Ter aceitado ser técnico do Inter sem ter qualquer experiência. Se tinha grandes ideias, estando no vestiário como chefe de Burrival, deveria ter oferecido o que sabia para ajudar o treinador que estava em queda livre. Se tinha ideias e não as ofereceu, boicotou o subordinado. Se não tinha, não poderia ter aceito o cargo quando o titular foi demitido.

2) Ter escalado o Inter contra a Portuguesa com três volantes e três atacantes, sendo dois – Rafael Moura e Leandro Damião – idênticos. Nenhum time de futebol pode jogar ou ganhar sem, ao menos, um armador. O ideal são dois.

3) Ter trocado Elton – volante limitado – por Juan, um zagueiro. Ficou, então, com três zagueiros, dois volantes e três atacantes. Continuou sem armador. Deveria ter tirado Elton e colocado Fred ou Jajá. Se queria escalar Juan, o que faz sentido, deveria ter tirado um dos seus amigos de zaga, Índio ou Bolívar. Está mostrando que é de panelinha.

4) Quando tirou Rafael e colocou Fred, o time melhorou, mas, por ter sofrido o empate, sacou Igor e colocou Jajá. Finalmente ficou com dois armadores (ou um e meio, pois Fred mostra disposição mesmo é para ser volante). Na verdade, depois de começar com três volantes e três atacantes e passar por três zagueiros, dois volantes e três atacantes, terminou, no desespero, com três zagueiros, um volante, dois armadores e dois atacantes. Ou seja, nunca teve equiílibrio. Um time equilibrado deve ter dois zagueiros, dois volantes, dois armadores e dois atacantes. Treinadores de verdade sabem disso.

5) Ser treinador refém de dirigente. Os caciques colorados adoram volantes. E, como contrataram o centroavante Rafael Moura na corrida, querem que ele jogue.  Um treinador diletante cai no conto de achar que dois trombadores juntos, feito dois elefantes, podem muito mais do que um. Ignoram que mais, nesse tipo de situação, é menos. O dobro vira metade.

6) Imaginar que poderia, ao mesmo tempo, ser muito ofensivo – três atacantes – e muito defensivo – três volantes e três zagueiros. É política para tentar agradar a todos. Resulta em time sem criatividade e sem cérebro.

7) Não ter convicção.  Nem, de certo modo, o oposto, capacidade de fazer uma reviravolta. De tanto oscilar, feito um pêndulo maluco, depois de gastar a energia, acabou bem no meio, na inércia de um empate. O Grêmio jogou duas em São Paulo e trouxe quatro pontos. O Inter jogou duas em São Paulo e volta para casa com um pontinho. O Grêmio está com um time equilibrado e tem treinador de ofício. O Inter está a perigo: O Cruzeiro tomou goleada do Coritiba. Celso Roth pode perder o emprego.

Não sou contra experiências com treinadores nem acho que treinadores mereçam tudo que ganham. Mas, num ralâmpago, se vê quem vai na direção certa ou não. Luxemburgo, com bons jogadores como Elano e o veterano ZÉ Roberto já nos desmentiu, mostrando que não está tão decadente assim, embora precise de algum novo título para confirmar isso.

O Gre-Nal do próximo domingo poderá ser um epitáfio para um jovem técnico.

Salvo se D"Alessandro, ou Dátolo, voltar para armar, criar e dar esperanças.

Um treinador com alguma experência saberia que é melhor ter Jajá ou até Marcos Aurélio na armação do que ninguém.

O Inter está a 11 pontos do líder Atlético-MG, que tem um jogo a menos.

Corre o risco de terminar o turno a um oceano de distância do primeiro lugar.

Vai ser mais um ano de flanelinha: brigando por vaga.

Se não for atropelado por algum retardatário tipo Santos ou Corínthians.

É dura a vida de torcedor.

Forlán conseguiu cobrar todas as faltas e escanteios curtos, na cabeça dos defensores.

Seguindo assim, melhor deixar para alguém que não saiba bater.

Ou para alguém que, mesmo não sendo tão famoso, bata melhor.

Quem sabe dá mais certo...

Foi o que aconteceu no lance do gol de Juan.

Quem inventa, dizia minha sábia avó, é inventor.

Enquanto isso o Atlético-MG de Ronaldinho Gaúcho e Jô segue, comandado por Cuca, arrebentando.

Um time que ganha 13 em 17 jogos merece ser campeão.

O mais difícil será suportar a pressão dos secadores.

Inclusive do Ronaldinho e do Jô.

Parece que eles secam oceanos a cada noite de balada.

P.S.: aos desinformados, dou-me a liberdade de lembrar que atuo na crônica esportiva desde 1987. Fui repórter esportivo, setorista da Zero Hora no Grêmio, quando conheci o mais brilhante repórter esportivo do Rio Grande do Sul, um certo Luiz Carlos Reche. Cobri jogos eliminatórios de Copa do Mundo, mundiais de vôlei na Europa, onde conheci o que seria o mais  brilhante comentarista esportivo de jornal do Rio Grande do Sul, Hiltor Mombach. Como correspondente na Europa, cobri a morte de Ayrton Senna, a ascensão de Ronaldo Fenômeno na Holanda, a era dos brasileiros no PSG. Desde 2004, participo do melhor programa de debates esportivos do Rio Grande do Sul, o Ganhando o Jogo, da Rádio Guaíba, que se chamava "Terceiro Tempo". Toda quinta-feira, vou ao "Cadeira Cativa", comandado por Reche na TV Ulbra. Pronto. Mais um carteiraço. Mas nem precisava. O lindo de futebol é que qualquer um que acompanhe entende. Quem diz o contrário, blefa ou não entende.

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