Palomas embriagada de vinhos
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Não vou falar de rio,
Pois rio não havia.
Na minha infância,
Em Palomas, latia
Um cão para o trem.
Um peão dizia vem...
O resto era solidão.
Campos, uma estância,
Verde por horas a fio.
Palomas não era triste,
Nem sequer era triste.
A vida tomava sol,
Um pinheiro em riste
Mirava o céu em bemol.
Depois, ao cair da noite,
Ouvia o vento num açoite
Afundar navios de papel.
Então, vieram os vinhos.
E Palomas se embriagou.
Ondula, agora, senhora
Como uma cordilheira.
Romântica, fata morgana
com seus ares de Toscana,
Embala vapores no céu.
Da boca, essa louca.
Que fala sozinha!