Para ficar atento

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Notícias do cotidiano cultural

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    Eu estava de luto pelo fim do cinema Guion, no shopping Olaria, em Porto Alegre. Detesto cinema de shopping tradicional. O Guion era a última ilha de realidade sem retoques. Fiquei feliz com a notícia de que o médico Marcelo Tiburi comprou o lugar e vai dar continuidade ao projeto. Depois da pandemia, continuarei a frequentá-lo. Espero que não tenha pipoca.

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    Ser, como dizia o filósofo, é ser percebido. Ele falava de outra coisa. Hoje, interpretamos essa ideia em termos de marketing. Importa como somos vistos. Ser contra a pipoca no cinema faz ser visto como velho rabugento. No futebol, ser crítico do modernismo neotático faz ser visto como velho anacrônico. Mesmo que se possa ter razão, não vai funcionar. Melhor esquecer ou mudar de ideia. A forma vence o conteúdo ou, até ser derrotada, faz muitas vítimas. Nem todos possuem o talento ou a resiliência de Nelson Rodrigues para denominar, enfrentar e vencer a vira-latice. Futebol era legal no tempo em que país pobre podia ganhar dos ricos.
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    Assisti à live do cineasta Kleber Mendonça Filho no belo 34º SET Universitário, evento da Famecos, a faculdade de comunicação da PUCRS, com a mediação do Ricardo Barbarena e do Fabiano de Souza. Kebler é o cara de Aquarius, Bacurau e O som do silêncio. Ele contou que em Aquarius pretendia usar a música “Nuvem passageira”, do gaúcho Hermes Aquino, mas o montador buscou errado e veio “Hoje”, do Taiguara. Maravilhosa. Eu adoro o sucesso de 1976, quando era adolescente, e sempre me vejo como nuvem passageira.
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    Tenho tomado dois litros de água por dia embora não conheça uma só pessoa que faça o mesmo. Passei a fazer isso por ter problema de cálculo renal e por ter tido problema de voz como sequela da covid. No último domingo, li uma matéria em O Globo sobre o fim do mito dos dois litros. Fiquei arrasado. Gosto de tudo o que desmitifica. Aguardo o fim do mito do glúten. Levei tanto tempo para me acostumar a beber água sem ter sede. Antes, bebia dois ou três copos por dia. Vou continuar tomando um litro. Gosto de fazer média. Minha filosofia continua a mesma: sem excessos.
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    Parabéns ao Fabrício Carpinejar pelo patronato da Feira do Livro de Porto Alegre. Acho que nos próximos dois anos a Câmara do Rio-Grandense do Livro deve coroar Sérgio Faraco, mesmo que ele não queira, e Luiz de Miranda. Não entro na avaliação de gostos pessoais. Falo de figuras da cultura da cidade. Há quem pense que eu quero muito ser patrono. Engano. Eu só espero o Nobel da literatura por “Raízes do conservadorismo brasileiro: a abolição na imprensa e no imaginário social”, “Acordei Negro”, “História regional da infâmia” e “Memórias no esquecimento”, que está saindo.
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    O que eu tenho feito da minha vida recentemente? Leio a coluna deliciosa do Hiltor Mombach, o cara que mais entende de futebol no Rio Grande do Sul, todas as manhãs e escrevo um livro sobre Machado de Assis.
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Associação dos Amigos do Museu João Goulart, em São Borja, presidida por Christopher Goulart, está pedindo o tombamento do imóvel, a casa de Jango, pelo IPHAN.

 


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