Paralelos: 1954, 1961 e 2016
publicidade
Um certo Carlos Lacerda monopolizava o insulto.
Em 1961, Jango era vice-presidente da República e estava na China.
A mídia era a mesma. Mas, uma vez na vida, opôs-se à armação.
Tentou-se o golpe contra Jango quando Jânio renunciou.
Como não foi possível, implantou-se o parlamentarismo para amordaçar o vice transformado, sem ter conspirado, em presidente da República. Se não era possível impedi-lo de assumir, que não tivesse poderes.
Em 1964, foi a mídia, Lacerda e o golpe.
Em 2016, a mídia ainda é quase a mesma de 1954, 1961 e 1964: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Globo.
O parlamentarismo veio antes do golpe.
Um falso parlamentarismo de antecipação para derrubar a presidente da República com um voto de desconfiança disfarçado de crime de responsabilidade. A mídia comprou a ideia, embalou o pacote e correu para o abraço.
O vice, Michel Temer, depois de conspirar e ganhar o poder pelo falso parlamentarismo, foi para a China.
A China já não é mais a mesma, embora não seja tão diferente.
Em 1954, em 1961 e em 2016, um ponto em comum: agosto.
Em 1954, houve um suicídio.
Em 1961, uma resistência heroica comandada por Leonel Brizola e um recuo estratégico calculado por Jango.
Em 1964, os tanques falaram mais alto, e a mídia rastejou como nunca.
Em 2016, houve uma destituição fraudulenta, e a mídia ajoelhou-se como sempre.
Michel Temer vai desmontar a era Vargas.
A sua eminência parda ironicamente é Moreira Franco, que foi casado com uma neta de Getúlio Vargas.
A traição é um caso de família.
Imoral da história: agosto, vice, mídia e China são maus presságios.
Parlamentarismo no Brasil é golpe antes ou depois da China.