Paris se desnuda, POA censura

Paris se desnuda, POA censura

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Parque naturista

 

      Enquanto em Porto Alegre uma exposição de arte é suspensa por ataques moralistas e uma peça de teatro é atacada como um perigo aos bons costumes, Paris terá, a partir de outubro, numa parte do Bois de Boulogne, um dos parques mais verdejantes da cidade, um espaço para o nudismo. A capital francesa já tem uma piscina, três vezes por semana, aberta para quem gosta de compartilhar banho pelado. A história da humanidade é a da luta do homem para controlar alguns dos seus instintos mais baixos. Durante muito tempo, o controle foi externo por mecanismos de disciplina baseados na punição e no castigo. Depois, entramos na era do autocontrole. Mentes doentias não conseguem produzir esse autocontrole. É o que se viu no caso do homem que ejaculou numa passageira de ônibus. A justiça achou que não houve constrangimento. O parâmetro deve ser o auxílio-moradia para juízes.

Muitos homens ainda não conseguem entender o que é assédio e constrangimento. Acham que é só uma piada, uma frase sem consequências, uma brincadeira, um rápido descontrole. Ou se protegem atrás da crítica aos exageros do politicamente correto. A decisão das autoridades franceses de abrir um espaço naturista no Bois de Boulogne está provocando polêmica. A direita conservadora diz que se trata de uma indecência típica da atual crise moral. Fala em atentado ao pudor, em degradação de costumes e até em crime. A extrema-direita é mais sucinta: considera a decisão como sinal do fim dos tempos. Os centristas atacam por outro flanco: falam em provocação: para quê?

A resposta dos defensores da ideia é simples: por que não? É comum que, no verão, homens e mulheres tomem banho de sol nus às margens do Sena. Em contrapartida, o topless vem diminuindo nas praias francesas. No Brasil, a PUC de São Paulo inaugurou um banheiro unissex. Também há entusiastas e adversários dessa ideia. Por outro lado, um dos temas do momento no país é a questão dos transgêneros. O mundo se move. Velhos valores tombam. Novos valores ascendem. É falso pensar que não há mais valores. Ao contrário. Nunca se combateu tanto a discriminação e o preconceito. Racismo, pedofilia e homofobia sofrem um cerco jamais visto antes. Uma nova cultura comportamental viceja. Estamos mais éticos e menos moralistas. Isso, claro, tem um preço.

O preço é a reação que sempre acompanha os grandes momentos de mutação cultural. Cada passo em direção à tolerância com a diferença enfrenta um degrau de intolerância manifestado como defesa dos “bons” costumes. Deve-se respeitar o lugar e o direito de quem não quer tomar banho nu em piscina pública nem frequentar espaço naturista em parque. Imagino como será a reação quando Porto Alegre decidir implantar um espaço de nudismo na Redenção, no Parcão e no Marinha do Brasil. Será que isso acontecerá ainda durante a gestão do prefeito Marchezan? Como reagirá a justiça brasileira se houver agressão ou constrangimento? Dirá que houve provocação? Em Paris, há o temor de que o naturismo em parques provoque novos atentados terroristas. Jean Baudrillard defendia que se bombardeasse os campos de treinamento dos fanáticos islâmicos com carregamentos de lingerie.

A nudez desmascara culturas.

O Estado Islâmico avança no Brasil.

     

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