Polêmica sobre a festa de reinauguração do Beira-Rio

Polêmica sobre a festa de reinauguração do Beira-Rio

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A festa de reinauguração do Beira-Rio foi polêmica.

Poucos entenderam a escolha da banda Blitz para a abertura do espetáculo.

Mais polêmica ainda foi a escolha da empresa que organizou a festa. Depois de alguns dias de silêncio, os insatisfeitos estão aí para mostrar os seus argumentos, revelar suas perplexidades e questionar alguns procedimentos.

Pela versão divulgada a comissão encarregada da seleção escolheu o projeto do produtor Edson Erdmann, que, por sua vez, teria convidado a Engage, pertencente à RBS, para a ser a produtora/executora do evento.

O empresário Cláudio Fávero, do Opinião, não vê as coisas assim. Ele e seus parceiros – DM9 (conceito), Zeppelin (som) e Lupi (áudio) –  gastaram R$ 200 mil com o projeto "Nascido para ser gigante", materializado num livro magnífico de capa dura, todo colorido, num vídeo e numa demonstração num hotel com uma simulação em 360º do que seria a festa. Fávero afirma que a proposta do seu grupo arrancou a unanimidade da comissão na primeira apresentação.

– Creio que foram 10 ou 12 as empresas que apresentaram projetos. Nossa proposta foi considerada a melhor. O diretor de marketing do Inter, o Jorge Avancini, e o Adauri Silveira ficaram entusiasmados. Pelo nosso orçamento, o custo seria de R$ 18 milhões vindos da bilheteria. Acima disso, tudo acima disso ficaria para o Internacional. No projeto da RBS, o Inter só ficaria com o que superasse R$ 24 milhões. Pelo nosso projeto, a festa e o jogo aconteceriam num só e dia e estimávamos uma receita em torno de R$ 28 milhões. A divisão em dois dias aumentou a receita. Pelo nosso projeto seria tudo baseado em tecnologia. Não teria banda alguma. Para que Hermes Aquino, Nenhum de Nós, Blitz? Entendíamos que o Inter era maior e bastava. Aí aconteceu uma coisa estranha. Resolveram que haveria uma segunda apresentação com os três melhores projetos.

Fávero não tem dúvida de que isso aconteceu por pressão da RBS.

– Um dos envolvidos chegou a nos dizer assim: "Temos a medalha de ouro, a medalha de prata e a medalha de bronze. Vamos fazer uma nova apresentação para dar a medalha de ouro à medalha de prata".

O empresário garante que a RBS sempre esteve diretamente envolvida na disputa:

– O Edson Herdmann não teria nem condições de disputar sozinho. Teve alguns fracassos antes disso. Desde o começo a envolvida era a Engage, a RBS. A prova disso é que a RBS tentou fazer uma composição conosco para não ficar de fora. Depois, no Inter, inventaram que nós tínhamos desistido por não aceitar dar garantias. Não foi assim. Além disso, um documento no Conselho Fiscal definiu que o Inter pode fazer a auditoria da receita alcançada, mas não da despesa. Como saber quanto foi gasto? Fizemos a segunda apresentação no hotel Millenium. Fomos novamente os melhores. Mas, finalmente, recebemos a informação de que não seríamos os escolhidos. O Avancini me ligou para agradecer. Não disse explicitamente, mas entendi que a pressão da RBS tinha sido mais forte.

Corre o boato de que a RBS teria ameaçado não dar cobertura ao evento se a produção não fosse da Engage.

Cláudio Fávero entende, por fim, que o projeto do seu grupo foi "chupado" pelos ganhadores:

– Há uma série de coincidências. O projeto ficou lá no Inter. Basta ver a coisa da água no começo. Está no nosso livro. O evento dividido em atos era uma ideia nossa. O gol iluminado do Figueroa, com o jogador de terno preto. Vai por aí...

Liguei para Jorge Avancini, que foi lacônico:

– Acho que o Magrão está no choro de perdedor. Fala com Gélson Pires, presidente da Comissão.

Gelson Pires resumiu assim a situação:

– O projeto do pessoal da Opinião era muito bom. Ficou cabeça com cabeça até o fim. Só que, na hora das garantias, eles não as apresentaram. Aí a RBS entrou como fiadora e garantiu tudo. Precisávamos de tranquilidade para uma festa dessas. Temos atas de tudo. Quanto a aspectos comuns do evento entre os diferentes projetos, só pode ser coincidência. Não acho que isso seja importante. São coisas da história do internacional como ter água e aterro no começo.

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