Prêmio ao Caderno de Sábado

Prêmio ao Caderno de Sábado

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Eu deveria estar falando da liminar do ministro Marco Aurélio Mello mandando soltar quem ainda não tem condenação transitada em julgado e sendo impedido de libertar Lula pelo até então considerado petista Tóffoli? Deveria falar do assessor de Flávio Bolsonaro que deu cano no Ministério Público e não apareceu para explicar o rolo em que se meteu? Deveria. Mas vou falar do Prêmio Antônio Gonzales atribuído ao Caderno de Sábado do Correio do Povo pela Associação Rio-Grandense de Imprensa. Sou suspeito, pois coordeno o Caderno de Sábado, que tem o infatigável Luiz Gonzaga Lopes como editor, Marcos Santuário como editor substituto e Pedro Dreher como designer. É um belo time. Tudo isso sob a direção de redação de Telmo Flor, o melhor que conheci em meus já longos 32 anos de jornalismo.

Antonio Gonzales foi diretor da Faculdade de Comunicação da PUCRS, onde trabalho. Fui aluno dele. Era um fantástico personagem. Quando fui estudar no exterior, ele me deu uma carta garantindo que me aproveitaria no retorno como professor. É, portanto, uma alegria receber um prêmio que leva o nome dele. A idade faz a gente pensar em todas pontas de um processo. O Caderno de Sábado, que sem modéstia alguma, considero o melhor do Brasil, vai completar cinco anos de retorno em março. É a joia da coroa destes bons tempos de Record no Rio Grande do Sul. Na contramão das levezas sem conteúdo da atualidade, explora, sem ser chato, temas de arte e humanidades com profundidade, polêmica, pegada e textos que vão de médio a grande. Já publicamos textos maiores do que os de antigamente. Preferimos um tamanho intermediário. Nem longo nem curto. Equilibrados.

Certos acadêmicos gostam de textos imensos. Como diria o padre Vieira certamente por falta de tempos para ser breves. A maioria sabe praticar com talento a saudável concisão. Alguns dos grandes intelectuais do mundo já deram entrevistas ou publicaram no CS, entre eles o prêmio Nobel da literatura Wole Soyinka. Paro e penso em todos os nomes e me regozijo. Neste final de ano publicamos dois textos estrangeiros capitais, um de Gilles Lipovetsky sobre democracias iliberais securitárias e outro de Michel Maffesoli sobre os “coletes amarelos”. São cinco páginas sem ninguém fixo. Essa é uma regra de ouro. Um espaço a ser compartilhado com escritores e intelectuais de todos os tipos. Uma reserva de diversidade.

O nosso principal sustentáculo vem sendo a Unimed Federação/RS, graças ao amor pela cultura de homens como Nilson May e Alcides Stumpf. Nada se faria, porém, sem nossos colaboradores, aqueles que escrevem a partir de nossas sugestões temáticas, entregam nos prazos e garantem a qualidade do que entregamos aos nossos leitores. Eis o ponto final: nossos leitores. Que gente maravilhosa. Um pessoal que gosta de teatro, filosofia, literatura, história, música, tudo isso que representa um mundo, um modo de ser no mundo, uma sensibilidade, um imaginário. Escrever sobre isso me deixa meio solene, meio formal, meio emocionado. Peço um desconto. Obrigado, ARI, obrigado presidente Luís Adolfo, Cristine Finger, Nilson Sousa, Batista Filho. O Caderno de Sábado merece. Valeu mesmo!

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