Professor visitante em Montpellier

Professor visitante em Montpellier

publicidade

A vida de jornalista tem suas emoções.

Não vivo sem elas.

A vida acadêmica também. Uma das experiências mais fascinantes é a de professor visitante em universidades estrangeiras. Vivi isso na Universidade Paris IV e, pela segunda vez, na Universidade de Montpellier. Há várias modalidades, de curta, média ou longa duração. As atividades de curta duração são cada vez mais praticadas e intensas. O Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUCRS tem um convênio com a Universidade Paul Valéry, Montpellier 3. Intercambiamos pesquisa, estudantes e professores. Cada vinda de alguém ou cada ida nossa é um horizonte que se abre.

Damos palestras, aulas, participamos de seminários, fazemos parte de bancas de doutorado, preparamos projetos comuns de pesquisa, comparamos procedimentos, trocamos ideias sobre autores, métodos, teorias e visões de mundo.

Montpellier é uma belíssima cidade. Tem ópera, monumentos bem cuidados e um serviço de tramway (bonde elétrico) de fazer babar de inveja. A cidade fica a 11 quilômetros do mar Mediterrâneo e esbanja charme, luminosidade e alegria.

IMG_1510

A Universidade de Montpellier foi criada em 1289. É isso mesmo.

Nesse milênio de existência cresceu, dividiu-se, fundiu-se, absorveu novas ciências e segue em frente.

Em 1970, Letras, Artes, Línguas e Ciências Humanas formaram a Universidade Montpellier III, batizada de Paul Valéry.

O campus da Paul Valéry é um belo lugar. A cidade orgulha-se da sua universidade.

O vice-presidente atual de Paul Valéry é o sociólogo Philippe Joron, que já viveu e lecionou no Brasil, grande especialista da obra de Georges Bataille e do imaginário. Paul Valéry, de resto, concentra talvez a melhor equipe do mundo em estudos do imaginário: Philippe Joron, Patrick Tacussel, Martine Xiberrras, Vincenzo Susca, Hélène Houdayer, Fabio La Rocca e Jean-Bruno Renard, grande estudioso das mitologias e dos boatos urbanos, que se aposentou não faz muito, mas continua presente. Essa equipe conta também com especialistas de outros campos, entre os quais o campo dos rituais da política e dos discursos de mídia, como Denis Fleurdorge e Michel Moatti. Aprende-se muito na luminosa Montpellier.

Fiz parte da banca de tese de Thibault Huguet, orientada por Joron. Belo trabalho. Quase 500 páginas de leitura densa, repassando a bibliografia sociológica desde os pais fundadores e desembocando num pesquisa aplicada sobre a sociedade conectada, esta sociedade digital, maquinizada, bulímica de ferramentas tecnológicas, vertiginosa.

IMG_1459

Participei, como conferencista, de um seminário internacional provocativo, inspirador e teoricamente rico.

affiche2102matin

Apresentei o resultado de minha pesquisa dos últimos cinco anos.

affiche2102apresmidi

Convivi intensamente com meus amigos, entre os quais Vincenzo Susca, que esteve comigo no Beira-Rio na vitória contra o Flamengo, no campeonato brasileiro, e Patrick Tacussel.

IMG_1488

Philippe Joron está de parabéns pelo trabalho que realiza. Alia cultura e capacidade de administração.

De quebra, nos aviões e nos trens, li dois livros espetaculares: Écosophie (novo livro de Michel Maffesoli) e Gouverner au nom d"Allah - islamisation et soif de pouvoir dans le monde arabe, de Boualem Sansal, presente que recebi do amigo Denis Fleurdorge.

Volto com as baterias recarregadas.

Assistir dois programas dominicais, C Politique e C Polémique, no canal 5, público, aberto, de dar inveja a qualquer televisão do mundo: análise, inteligência, imagem, crítica e profundidade. Shows.

E a França teme: que Marine Le Pen se eleja.

Talvez dê Emmanuel Macron, que faz o discursinho do momento, nem esquerda nem direita.

Ou François Fillon, direitista atolado no escândalo da esposa que recebia dinheiro público sem trabalhar.

Mundo pequeno.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895