Pros, contras e plágios

Pros, contras e plágios

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A campanha eleitoral para as eleições de 2014 já começou. Tudo indica que haverá muito barraco. O tucano José Serra esteve em Porto Alegre onde abriu o bico: ainda não desistiu de uma nova candidatura à presidência da República pelo PSDB. Garantiu que o partido ainda não definiu o seu candidato. Falta avisar Aécio Neves. Já o PSB de Eduardo Campos parece gostar de arrumar sarna para se coçar. Abriu as portas da casa para Marina Silva.

A ex-senadora chegou de mala e cuia para tentar ocupar mais do que o quarto de hóspedes. Pretende tomar o lugar do anfitrião na corrida ao Planalto.

A primeira rusga já aconteceu. Carlos Siqueira, secretário-geral do PSB, teve de meter o pé na porta para botar ordem na casa: o candidato será Eduardo Campos. E fim de papo furado. Marina, em entrevista, concordou.

De fato? Ou estrategicamente?

Muita água vai rolar por baixo das pontes do Capiberibe. Só Dilma Rousseff navega em águas tranquilas. Lula não pretende tomar-lhe o lugar. O ex-presidente gosta da função de mentor. Vibra com o seu posto de articulador nos tabuleiros dos bastidores. Depois da queda de popularidade provocada pelas manifestações de rua de junho e julho, a presidente voltou, como dizem os franceses, a “remonter la pente”. Está subindo a ladeira da satisfação popular a passos firmes e cadenciados. É mineira.

O grande mistério da eleição é este: como o nordestino Eduardo Campos fará para tirar votos de Dilma no nordeste onde, de acordo com os Estados, Dilma e Lula são quase tão venerados quanto Gonzagão, Padre Cícero, trio-elétrico, Ivete, festa junina e carne de sol?

Não tem política no Brasil sem carnavalização e malandragem. O PROS – nome adequado para quem não pretende ser contra coisa alguma e a favor de tudo o que trouxer vantagens – plagiou o programa do PTN. Trata-se de um plágio elegante e retificativo. O PROS corrigiu alguns erros gramaticais do original. Como programa não serve para muita coisa, salvo para registro, faz sentido a economia do PROS, que nada tem contra o programa do PTN, tanto que se apropriou dele sem fazer a menor cerimônia. O PTN não pretende fazer qualquer estardalhaço judicial contra essa apropriação indébita talvez até por considerar que não estava usando mesmo o programa ou que será uma boa maneira de divulgá-lo. É o programa comum.

Muita gente trocou de partido aproveitando a janela de transferência. Teve político migrando do PDT para o Solidariedade. O leigo se pergunta: por quê? O que tem o Solidariedade que o PDT não tinha? A resposta é cristalina: espaço. De quê? De mando, de manobra, de candidatura, de controle. Como ser fiel a um programa que, em alguns casos, não existe ou é emprestado? Partido só se interessa por dois tipos de programa: de rádio e de televisão. O resto é conversa para registrar em cartório.

A estratégia está lançada: todos contra Dilma. Por quê? Porque o PT está no poder há muito tempo. Será preciso convencer o eleitor de que uma troca lhe seria vantajosa. O que oferecem os opositores? Até agora, suas sinceras intenções de fazer melhor e pelo bem da nação.

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